segunda-feira, 31 de julho de 2017

Bicicleta: Quem é o pai da criança?

Transporte por excelência da actualidade em alguns países, a bicicleta - peça que faz celebra este ano o seu 200º aniversário - é um veículo em que (quase) todos nos deslocámos alguma vez nas nossas vidas. Há países como a Holanda, Dinamarca e Alemanha que tem elevadíssimos volumes per capita, tal como a China ou os EUA, enquanto outros ainda apostam nas alternativas motorizadas e menos ecológicas.
Imagens: Wikipedia e Peugeot Design Lab
Reza a história que o primeiro conceito em madeira de duas rodas, já com pedais, terá surgido em 1534, pela mão de Gian Giacomo Caprotti, aluno de Leonardo da Vinci, mas nem todos são apologistas da autenticidade do detalhado desenho que consta do livro “Codex Atlanticus” deste tresloucado criador de peças completamente fora do seu tempo. Dizem alguns detractores e outros ditos especialistas na matéria que esse desenho terá sido feito bem mais recentemente, por um desconhecido, aquando do restauro da obra, não constando do livro original. Mas o facto é que se construiu a dita a partir do mesmo, peça hoje exposta no museu dedicado a esta figura histórica. Cada um que tire as suas conclusões!


Imagens: Wikipedia (1 e 3)

Curiosamente propostos papás para a bicicleta não faltam, pois há outra teoria inerente à “Célérifère”, uma “máquina de corrida” em madeira alegadamente criada em 1790 por um conde francês Mède de Sivrac que… nunca terá existido! Terá sido uma invenção de outro francês – Louis Baudry de Saunier – que, para valorizar a nação francesa, terá copiado, em 1870, a “Laufmaschine” (ou “Draisine”) que já existia desde 1817, invenção do barão alemão Karl Von Drais, atribuindo-lhe essa datação anterior.
Ou seja, é este último que é tido como o verdadeiro “Pai da Bicicleta”, ou do que viria a levar à criação do que hoje conhecemos como tal, pois na sua peça eram os pés do utilizador quem lhe dava propulsão… no chão. O primeiro exemplar com pedais terá surgido na Escócia pelas mãos de Kirkpatrick MacMillan nos finais dos anos 30 do Século XIX. Daí para cá, a bicicleta evoluiu até aos conceitos que hoje conhecemos – a pedais ou eléctricas – e que são resumidos neste curioso vídeo.

O exemplo holandês
Apesar da ideia recorrente de que a China é o país onde há mais bicicletas em circulação, isso é verdade em volume mas não em valores per capita. Aí a medalha de ouro vai para a Holanda.
Imagens: all-free-download.com

Senão vejamos: de acordo com um estudo de 2016, a China terá mais de 500 milhões de bicicletas em circulação, mas face à sua população estimada de 1300 milhões de habitantes, tal garante-lhe apenas – e pasme-se!!! – o 10º lugar no planetário ciclista. Apenas 37,2% desta população asiática se desloca de bicicleta, num resultado bem abaixo dos registados na Bélgica, Suíça, Japão, Finlândia, Noruega e Suécia, cujas percentagens vãos dos 48% aos 64%. Os ocupantes do top 3 são a Alemanha com 75,8%, a Dinamarca com uns já impressionantes 80,1%, mas ainda assim longe da todo-poderosa Holanda, com os seus arrebatadores 99,1%!
Ou seja, quase toda a gente pedala no “País dos Ciclistas”. As estatísticas demonstram esse sucesso: 27% de todas as viagens e um quarto das deslocações para o trabalho são feitas neste veículo, sendo a distância média diária pedalada de 2,5 km por pessoa. O mercado gera cerca de 1.000 milhões de euros/ano, num país cujas características planas a tal ajudam, com 400 km de ciclovias, regras de boa educação e rodoviárias. Claro que há excepções e também muitos roubos, estimando-se que 20% das ditas mudem de mãos sem que os seus donos o consintam…
Não há, de facto, mundos perfeitos!
Cumprimentos distribuídos irmãmente e até breve!
José Pinheiro
Notas:
1) As opiniões acima expressas são minhas, decorrentes da experiência no sector e de pesquisa de várias fontes;
2) Direitos reservados das entidades respectivas aos ‘links’ e/ou imagens utilizados neste texto, conforme expresso.


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