quinta-feira, 15 de junho de 2017

Presidenciais II: Entre Bestas e Papamóveis

Continuamos hoje esta viagem pelos automóveis presidenciais, apontando a outros pontos do planeta, onde as viaturas destinadas aos representantes máximos de cada nação são de gosto (e custo) variável. Muito falados são o Cadillac One – tem a alcunha “The Beast” – do Presidente dos EUA, ou as igualmente imponentes viaturas oficiais da Rússia, com o seu líder a deslocar-se num longo Mercedes-Benz S600L. Fala-se que está na calha uma outra blindada, da marca russa ZiL, da qual – naturalmente – não há ainda muitos dados públicos. São ambas autênticas fortalezas, capazes de lidar com ataques com rockets ou químicos, estando, segundos os especialistas, dotadas de u adequado arsenal bélico!
Imagem: Maybach


A Mercedes-Benz não tem, aliás, mãos a medir para dar resposta às solicitações de muitos Estados, de longas berlinas feitas à medida por uma divisão própria para estes clientes tão especiais, ou mesmo através da Maybach, a sua marca de hiper-luxo. Sem surpresas, o executivo da Alemanha tem vários S600L ao serviço, tal como os governantes das Filipinas, Índia, Quénia e Nigéria, países onde a extrema pobreza contrasta com os luxos de alguns líderes.
Imagens: Cadillac (1), Mirror/Sergey Guneev Sputnik (2), South China Morning Post (3) Wikipedia (4 e 5)

Nas rivais Coreias, a Sul, o moderno Hyundai Equus VL500 Limousine mede forças com o produto local da Pyeonghwa Motors do líder nortenho, enquanto na China é, como convém, um local FAW Hongqi Red Flag a limusina do seu Presidente. Do lado oposto do planeta, na América do Sul e fruto da austeridade local, tem havido um decréscimo na ostentação: o Brasil aposta num Ford Fusion de produção mexicana, guardando na garagem os dois Rolls-Royce Silver Wraith (de 1953 e 1957) para eventos mais formais; na Argentina o novo carro de protocolo de Mauricio Macri é um Mercedes-Benz Vito, naturalmente blindado!
Ao nível das Casas Reais, o destaque vai para Isabel II de Inglaterra, que ao longo dos anos aposta em propostas das marcas Bentley (actualmente é um State Limousine), Jaguar e Rolls-Royce, entre outras very british, conjunto de veículos construídos de acordo com instruções específicas. O Imperador do Japão também usa a prata da casa, um Toyota Century Royal, mas já a família real tailandesa prefere um alemão Maybach 62 Limousine, enquanto na Noruega o Rei Harald II mostra-se num estranho Binz. No Reino de Marrocos é um clássico Mercedes-Benz 600 Pullman o preferido do Rei Hassan II, algo transformado face à versão original de 1963.
No campo da Rolls-Royce, os seus fantasmas da dão cartas em Espanha, com Filipe VI a ter ido para a sua coroação num Phantom IV descapotável de 1948, tal como o seu pai, Juan Carlos I, o havia feito. O Sultão do Burnei tem, entre as centenas de carros da sua frota, um Phantom VI de 1968 entre os seus preferidos e o seu congénere da Malásia desloca-se, regularmente, numa versão VII.
Imagens: ShimWorld (1), Bentley Motors (2), El País (3) e Wikipedia (4 e 5)


E o popularizado ‘SVC 1’
Muito se falou recentemente no Papa Francisco e nos seus "Papamóveis", dele e dos seus antecessores, mas não podia deixar de o referir neste texto. Tendo abdicado de usar um carro oficial, para evitar sinais de ostentação, o Sumo Pontífice divide-se entre os vários modelos, a que são atribuídas as matrículas 'SVC 1', acrónimo de “Stato della Città del Vaticano”, com o nº 1 a indicar a quem se destina, mais o respectivo brasão.
Imagens: Gencar (1), Força Aérea Portuguesa (2), Club UMM (3), Vaticano (4, 5, 7, 8 e 9), Fátima 2017 (6)

Nos eventos de Estado são usadas berlinas Mercedes-Benz ou mesmo um Lancia Thesis, modelo italiano que também tem servido a Presidência de Itália, mas os mais conhecidos são mesmo os Papamóveis, denominação que era pouco apreciada por João Paulo II, mas que se tornou tão popular. Um dos mais recentes exemplares – um Isuzu D-MAX – mostrou-se na peregrinação a Fátima (já havia desempenhado semelhante papel na sua visita à América do Sul), levando para cá e para lá o actual Chefe da Igreja Católica.
É apenas um de muitos exemplares transformados a preceito, sendo que em tempos até houve um papamóvel 100% português, um todo-o-terreno da extinta marca UMM (União Metalo Mecânica), que, segundo parece, deu muito que falar aquando da viagem de 1991 de João Paulo II ao Funchal.
Cumprimentos distribuídos irmãmente e até breve!
José Pinheiro
Notas:
1) As opiniões acima expressas são minhas, decorrentes da experiência no sector e de pesquisa de várias fontes;
2) Direitos reservados das entidades respectivas aos ‘links’ e/ou imagens utilizados neste texto, conforme expresso.

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