sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Clássicos: Elegância em ambiente de realeza

É em ambientes de reis e rainhas, príncipes e princesas, que complemento o artigo de há uma semana, em que trouxe os ecos de dois eventos realizados em lados opostos do Atlântico, Cascais e Pebble Beach (EUA). Desta feita mostro-lhe dois outros encontros europeus que, semelhantes no conceito e na projecção que ambos já têm a nível internacional, contam com um histórico bastante diferente.

Nas margens do Lago Como…
É normalmente em Maio de cada ano que entusiastas de veículos clássicos, de 2 e 4 rodas e oriundos de todo o planeta, se reúnem no âmbito do Concorso d’Eleganza Villa d’Este. Este evento histórico – a primeira edição remonta a 1929 – decorre nos terrenos da histórica Villa Erba, nas margens do Lago Como (Itália), transformada num espaço único e exclusivo, onde os presentes podem admirar os mais icónicos veículos de diferentes eras.

Agora com o alemão Grupo BMW como patrono, a edição de 2017 decorreu sob o conceito “Around the World in 80 Days – Voyage through an Era of Records”, ali reunindo 51 automóveis raros provenientes de 16 países, de 30 marcas, bem como 40 motos de diferentes décadas, acção que ainda envolveu um valioso leilão da responsabilidade da RM Sotheby.
Começando pelo Concorso di Motociclette, sagrou-se vencedora uma Puch 250 Indien-Reise (1933), que arrebatou o troféu de “Best of Show”, enquanto o público preferiu entregar o seu troféu à Ducati Café Racer, um estudo da reputada marca italiana, hoje propriedade da Audi.

Na avaliação principal, o júri atribuiu o cobiçado “Trofeo BMW Group/Best of Show” a um Alfa Romeo Giulietta SS Prototipo, Coupé, Bertone (1957). Já o galardão do público foi duplamente dividido, pois adultos e crianças (até aos 16 anos) puderam votar de modo independente nos seus preferidos. No grupo dos petizes, o eleito para receber o “Trofeo BMW Group Ragazzi” foi o Alfa Romeo 6C 1750 Gran Turismo, Cabriolet, Castagna (1932), enquanto o “Coppa d’Oro Villa D’Este” dos mais velhos foi para um Lurani Nibbio, Open Single-Seater, Riva (1935). Destaque ainda para os exercícios de estilo, aqui com o Renault Trezor Concept a arrebatar o cobiçado “Design Award”.

Imagens: BMW Group/Villa d'Este

Assista ao vídeo e aprecie a beleza das imagens, do espaço onde se realizou este sumptuoso evento, certificado pela UNESCO como "Património Mundial da Humanidade" .

… e no Chateau de Chantilly
Bem mais recente – tem apenas 4 anos mas já conta com um reconhecimento igualmente planetário – é o Chantilly Arts & Elegance - Richard Mille, que decorre num ambiente ainda mais principesco, no sumptuoso castelo da localidade que lhe dá nome.
Imagem: Mathieu Bonnevie/Chantilly Arts & Elegance

Apesar da tenra idade, o quórum ali reunido no início de Setembro é exemplificativo do sucesso que já ostenta: 16.300 espectadores (mais 20% do que em 2016) viram-se atraídos pelos 82 veículos históricos expostos (de Pré e Pós-Guerra),
Uma das suas particularidades é o desfile de viaturas que saíram dos ateliers de design de diferentes marcas – nesta edição foram 5 – exercícios de estilo que, à semelhança dos eventos anteriores, se viram acompanhados por criações de conceituados costureiros: o novíssimo DS 7 Crossback “Présidentiel” (uma versão especial concebida para a Presidência francesa) mostrou-se com uma criação de Eymeric François, enquanto Ann Demeulemeester e Haider Ackermann vestiram, respectivamente, as manequins que desfilaram ao lado do Aston Martin Vanquish Zagato Volante e do McLaren 720 S.
Mas os vencedores do galardão “Best of Show” do Concours d’Elégance seriam o Citroën CXperience Concept, com uma criação da estilista Yang Li, e o Renault Trezor Concept, com o conceituado Balmain a mostrar um exemplar da sua Maison. No Concours d’Etat, os vencedores foram o Bugatti 57 S Atlantic (1936) e o Ferrari TR 58 (1958), respectivamente nas categorias de Pré e Pós-Guerra.


Imagens: Julien Hergault/Chantilly Arts & Elegance

Este vídeo dá-lhe uma ideia do muito que havia para ver neste monumento histórico, também ele repleto de história, quanto mais não seja por, alegadamente, ter sido o berço de uma das mais célebres iguaria da doçaria francesa, pelas mãos de Fritz Carl Vatel, pensa-se que no ano de 1663. Um feito que a casa italiana dos Médicis, da região de Florença, tem outra opinião completamente diferente, pois chamam a si a criação, com quase um século de diferença, de algo a que chamaram neve di latte!
Depois disto tudo, seria caso para dizer que para o ano há mais, mas à sua dimensão há ainda muitos outros encontros agendados, dentro e fora de portas lusas, até final do ano. É só estarem atentos às diferentes agendas, seguindo as redes sociais dos muitos grupos ou especialistas de modelos clássicos

Cumprimentos distribuídos irmãmente e até breve!
José Pinheiro
Notas:
1) As opiniões acima expressas são minhas, decorrentes da experiência no sector e de pesquisa de várias fontes;
2) Direitos reservados das entidades respectivas aos ‘links’ e/ou imagens utilizados neste texto, conforme expresso.

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