quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Viajar de Metro com outros olhos

Apesar de facilitar bastante as deslocações nas grandes urbes, andar de metro pode tornar-se, por vezes, numa autêntica dor de cabeça, quase sendo preciso ter, em algumas linhas, uma pós-graduação em leitura de mapas para se identificar o melhor percurso rumo ao destino final.
 Imagem: Metropolitano de Lisboa/Tânia Espírito Santo

Se há cidades em que, pela sua menor dimensão, ou pelas mais simples redes de metro, se ligam dois pontos com relativa facilidade, outras há em que mais parecemos andar em autênticos labirintos, tantas são as ligações, os túneis e o sobe & desce de escadas (umas rolantes, outras nem por isso) que palmilhamos, até que finalmente conseguimos ver a luz ao fundo do túnel… da composição que, entretanto, perdemos!
De acordo com um estudo publicado pela Science Advances, há três estruturas que se demarcam das restantes, tal é a complexidade dos seus esquemas:
·       Nova Iorque - o metro da “Cidade Que Nunca Dorme” tem nada menos do que 472 estacões divididas por 22 linhas, tendo sido 1.757 milhões de pessoas a usá-lo no ano passado;
·       Paris – o metro da “Cidade das Luzes” tem 245 estações, ou seja, menos de metade da anterior, divididas por 14 linhas, mas transportou 1.526 milhões de passageiros;
·       Tóquio – agora sente-se e pense no número 3.411 milhões: foi este o número de passageiros que, só no ano passado, circulou nas 2 lendárias linhas da capital do “País do Sol Nascente”, a Tokyo Metro e a Toei Subway. Conhecidos pela sua rapidez e pontualidade os operadores têm, no conjunto, mais de 200 estações e 13 linhas, divididas por cores e números!
Imagens: Wikipedia.org e japanvisitor.com

Esta lista conjugada por especialistas em física e matemática inclui 12 outras não menos intricadas linhas, embora suficientemente menos para serem suplantadas por aquele trio! Londres surge logo a seguir, batendo Madrid e Barcelona, Moscovo, Seul, Xangai e Cidade do México. No limiar deste top 10 surgem Berlim, Chicago, Osaka, Pequim (curiosamente a linha que mais gente transportou no ano passado: 3.660 milhões de pessoas!!!) e, finalmente, Hong Kong.
O objetivo era observar se os limites cognitivos dos normais utilizadores – entre moradores ou visitantes e turistas – conseguiam acompanhar o crescimento desses sistemas de transporte urbano, ou se já não havia outro remédio senão confiar nas ferramentas de navegação digital como uma necessidade incontornável. Concluem que, mesmo nas grandes cidades, os viajantes ainda conseguem planear as suas viagens à moda antiga, mesmo nestas redes bastante complexas, com recurso a um tradicional mapa, se bem que se esteja a chegar ao limite em que o cérebro humano é capaz de processar tanta informação num curto espaço de tempo um modo racional. As cada vez mais desenvolvidas e dedicadas apps irão, decerto, dar uma ajuda muito significativa! Não vale a pena queimar os neurónios.
Imagens: Wikipedia.org



Pequenina e jeitosinha como a sardinha!
Noutra dimensão integra-se o Metro de Lisboa, composto desde 2016 por 56 estações divididas por 4 linhas, estendendo-se por 44,1 km. Com projectos de alargamento já em analisados ou apalavrados, nomeadamente a abertura (prevista) até 2022 das estações de Estrela e Santos e a potencial construção – sem prazo definido – de outra nas Amoreiras e uma quarta em Campo de Ourique, há quem queira mais, muuuuuuuuuuito mais, como tem sido noticiado, nesta antecâmara eleitoralista.

Há quem defenda um crescimento quase exponencial da mesma, até ficar com mais 20 estações (!!!), num espaço de 8 anos adicionais face ao crescimento mais comedido do projecto anunciado pelo actual Governo. Dinheiro? Coisa pouca… uns míseros 1.876 milhões de euros que hão-de aparecer. Aliás, aparecem sempre, em orçamentos que depois até derrapam, qual pescadinha – ou sardinha – de rabo na boca. E quem paga? Pergunta fácil para queijinho
Imagens: Metropolitano de Lisboa e CDS-PP

Alternativas subterrâneas
E que tal uma linha de metro transeuropeia? Melhor… e se a mesma viesse do tempo do Império Romano? Desvario? Talvez, mas um conceito muito interessante, quanto mais não seja para lhe trazer algo que, quase de certeza, nunca viu. Atente na imagem.
Infografia: Sasha Trubetskoy

A ideia deste diagrama das Principais Vias Romanas, existentes por altura do ano 125 d.C., é de Sasha Trubetskoy, um norte-americano (ninguém diria, pelo nome) especializado em mapas e cartografia. As linhas são uma combinação de ligações com nomes reais, como a nossa Via Lusitanorum ou a italiana Via Appia, entre as grandes metrópoles do então portento imperial europeu, com outras que o autor inventou, numa demorada criatividade! Outros mapas podem ser consultados aqui.
Também o lado de lá do Atlântico inspirou Peter Dovak a sair-se com outra criação – esta mais realista – onde mostra, de um modo simplificado, as linhas de metro, subterrâneas e de superfície, de todo o mundo. São 220 mini-mapas imediatamente reconhecíveis que demonstram, por simples cruzamentos de cores, as diversas linhas do planeta, num conceito originalmente desenvolvido com vista a serem usados uma aplicação para iPhones.
Ao contrário do que é hábito, em que nos esquecem neste cantinho à beira mar plantado, Portugal surge com uma tripla representação, não só com os diagramas simplificados dos Metro de Lisboa e do Porto, como também o do eixo Almada/Seixal. Se quiser ver mais exemplos clique aqui.
Infografias: Transit Oriented/Peter Dovak
Imagem: Metropolitano de Lisboa

 Cumprimentos distribuídos irmãmente e até breve!
José Pinheiro
Notas:
1) As opiniões acima expressas são minhas, decorrentes da experiência no sector e de pesquisa de várias fontes;
2) Direitos reservados das entidades respectivas aos ‘links’ e/ou imagens utilizados neste texto, conforme expresso.

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