Depois de há dias
lhe ter mostrado três estradas que se viram reconhecidas internacionalmente,
após fórmulas de cálculo específicas as terem colocado no topo de listas de “As
Melhores”, desta feita apresento-lhe outros tantos exemplares de cortar a
respiração. Uma é um ícone bem lusitano, a longa N2 que liga Chaves a Faro; as duas outras são a bem conhecida Route 66 (EUA) e a menos badalada – mas
nem por isso menos interessante – Route
1 (Islândia).
Iniciando esta nossa
viagem em Chaves, apresento-lhe a Estrada
Nacional 2, o longo e velho percurso que, durante décadas, foi a mais popular ligação entre Trás-os-Montes e o Algarve! Sem
fórmulas matemáticas associadas, encerra, ainda assim, outros números
interessantes, com especial destaque para os nada menos do que os seus 738,5 km de
extensão, cruzando 9 províncias,
passando por 11 distritos, atravessando 29 concelhos, 11 rios e 4 serras! Ah sim, e dizem ter mais de três centenas e meia de curvas!!! Uffffffff…!
É tão impressionante que tem sido cada vez
mais usada por diferentes entidades para as suas acções. Como o Club MX-5 Portugal, grupo de amantes do "descapotável de dois lugares mais vendido do mundo" - a certificação não é minha, é da Guinness World Records - que em Abril último ali realizou um
dos seus múltiplos passeios anuais. Foram mais de duas dezenas de Mazda MX-5 e seus condutores e
acompanhantes, fora o pessoal da organização, que percorreram de norte a sul esta faixa interior do nosso país.
Houve
quem recentemente a comparasse à norte-americana e mítica Route 66, pretendendo transformar a nossa N2 num projecto turístico
à semelhança do que aconteceu do outro lado do Atlântico. Parte significativa dos
3.940 km originais da estrada americana que, desde os seus tempos áureos, atravessa
8 Estados dos EUA, mantêm-se, mas fruto das evoluções rodoviárias, algumas
secções perderam-se, ou viram-se alteradas no seu trajecto original. Mas a sua
essência continua a conquistar aventureiros de todo o mundo, em duas, quatro ou
mais rodas, atravessando-a e fotografando os seus pontos mais representativos.
Dizem
que o primeiro Motel do mundo nasceu lá, tal como o primeiro McDonalds, numa gigantesca
estrada que foi cenário da série de TV “Route 66” (1960-64) e de diversos filmes, como “Easy
Rider” (1969), “Thelma & Louise” (1991) e
“Café Bagdad” (1987). Até a
cidade de “Radiator Springs”, palco virtual
da saga infantil “Cars” (2006) da Disney/Pixar, ficará alegadamente na berma
desse ícone rodoviário, que também inspirou para músicas dos Depeche Mode, The Rolling Stones, Nat King
Cole, Natalie Cole e Al Jarreau,
entre outros. Livros também há um pouco de tudo, dos tradicionais guias até
propostas de culinária, álbuns fotográficos e histórias infantis!
Bem
mais a norte, na Islândia, fica outro ícone rodoviário, a Route 1 ou Ring Road ou
ainda Þjóðvegur 1 em dialeto local. É
uma longa estrada de circunvalação com 1.332 km, ligando as principais cidades,
monumentos e atracções turísticas do país. Dados os rigores meteorológicos
locais não é totalmente circulável no Inverno, tendo os locais de se socorrer
de troços alternativos para atingir os destinos.
O
grupo local Sigur Rós aproveitou o recente Solestício de Verão para percorrer
toda a sua extensão, fazendo-o em live
stream ao longo de mais de 24 horas e, naturalmente, sempre de dia, algo perfeitamente
comum por aquelas paragens. Aproveitou, depois, essas imagens para gravar o vídeo
do seu tema “Óveður”, que pode ser
visto aqui em modo timelapse:
Claro
que este artigo se poderia estender ainda mais por outras estradas de sonho (ou
mesmo de pesadelo) do planeta, desde a Great
Ocean Road (Austrália) à Ruta 40
(Argentina), passando pela Karakoram
Highway (China/Paquistão) ou pelo Khardung
Pass (Índia). Na Europa teríamos o Nurburgring
Nordschleife (Alemanha), a Trollstigen
(Noruega), o Stelvio Pass (Itália)
ou o Col du Turini (Mónaco), entre
muitos outros traçados mais ou menos pitorescos. Mas estes ficam para uma
próxima…
Cumprimentos
distribuídos irmãmente e até breve!
José
Pinheiro
Notas:
1) As opiniões acima expressas são minhas,
decorrentes da experiência no sector e de pesquisa de várias fontes;
2) Direitos reservados das entidades
respectivas aos ‘links’ e/ou imagens utilizados neste texto, conforme expresso.
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