As
cerimónias de tomada de posse de monarcas, presidentes, ditadores e outros
governantes são sempre eventos repletos de pompa e circunstância, adequados ao
estatuto d@ recém-eleit@, trazendo, na maioria dos casos, rodas associadas. Há
automóveis emblemáticos, limousines fortemente
armadas, faustosos coches clássicos e outros bem mais modernos.
Imagens: Museu dos Transportes e Comunicações e Presidência da República |
Os
mais conhecedores da temática decerto reconheceram o DS 7 Crossback, carro com
que o novo inquilino do Palácio do Eliseu surgiu, no passado dia 14 de Maio, a
acenar aos seus eleitores, modelo que ainda nem chegou ao mercado! É o mais
recente e luxuoso SUV da marca francesa, aqui adaptado a preceito e dotado de
elementos identificadores deste seu estatuto presidencial, à semelhança de
outro – um DS 5 Hybrid, igualmente novidade à data – que, na investidura anterior
de 2012, levou o então recém-eleito François Hollande até ao palco de todas as
promessas.
É
um historial que, em França, remonta a meados do Século XX, se bem que então a
DS fosse um modelo do catálogo da Citroën, muito antes da recente autonomia da
marca, abandonando o double chevron. Após
René Coty (1954-59) e o seu Citroën 15/6 “Traction”, iniciou-se uma década de amor do General De Gaulle (1959-69) ao Citroën
DS 19 de então, para depois o seu sucessor George Pompidou (1969-74) escolher
um Citroën SM, carro que haveria também de transportar Jacques Chirac
(1995-2007), se bem que este viesse a usar um CX e um C6 como “Veículos de
Estado”.
Pelo
meio, Valéry Giscard d’Estaing (1974-81) dividiu-se entre um Peugeot 604 –
outro carro do mesmo grupo industrial – e um Citroën DS 21. Já a Renault saltou
duas vezes para a ribalta presidencial, primeiro com François Mitterrand (1981-95)
e o modelo Safrane, e depois, no período 2007-12 com Nicolas Sarkozy e o peculiar
Vel Satis, embora a sua investidura se tenha feito num… Peugeot 607 Paladine.
Já cá pelo nosso burgo...
Pois,
foi também publicamente comentado, após a sua tomada de posse, que Marcelo Rebelo de
Sousa abdicou do Mercedes-Benz SL500 Longo que Cavaco Silva lhe oferecera, tradição em que o Presidente cessante compra um novo carro ao
seu sucessor, normalmente ficando com o seu. O nosso “Presidente dos
Afectos” usa, desde então, outro modelo da mesma marca, mas de uma gama mais baixa.
Este ainda não é um dos exemplares de toda uma história que se conta no Museu da Alfândega, no Porto, na exposição “O Motor da República – Os Carros dos Presidentes”, espaço que reúne uma das mais importantes colecções de viaturas
do país. São diversos os modelos que ostentam a esfera armilar lusa, da carruagem herdada da extinta Casa Real, a modelos mais recentes,
passando pelos hipomóveis do início da nossa centenária República, pelos Mercedes-Benz 770 W07 blindados do Estado Novo, período de que se conservam ainda os Rolls-Royce
Phantom III e V, Mercedes 600 Pullman e Vanden Plas Princess. Visite,
ainda o arquivo do Museu da Presidência sobre
este mesmo tema, entidade que, de vez em quando, autoriza a saída das viaturas
para exposições temporárias pelo país.
É
todo um outro modo de aprender a História de Portugal, numa vertente sobre rodas!
Cumprimentos
distribuídos irmãmente e até breve!
José Pinheiro
Notas:
1) As opiniões acima expressas são minhas,
decorrentes da experiência no sector e de pesquisa de várias fontes;
2) Direitos reservados das entidades
respectivas aos ‘links’ e/ou imagens utilizados neste texto, conforme expresso.
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