Fado,
literatura, monumentos, azulejaria, cidades e festas são hoje contadas através
de… bolachas! Isso mesmo, deliciosos pedaços redondinhos da autoria de uma Chef Pasteleira, ilustrados por um
conjunto de especialistas e que são para comer, todos eles contando muito do
passado e presente do nosso país. São a proposta de Prenda de Natal desta edição, tudo com assinatura da Bites of History.
Apostando-se
numa filosofia totalmente diferente do tradicional conceito de streetfood e apesar de as podermos
comprar e comer no local, há aqui toda uma outra abordagem, mais abrangente e
com um público-alvo específico: “Nos
últimos anos o número de turistas que visita Lisboa aumentou de forma incrível,
indicando que Portugal já não é só procurado pelo sol e pelas praias. Esta
alteração de perfil, num turismo mais urbano, que vem durante todo o ano fazer
pequenas estadias para conhecer uma cidade, foi o factor inspirador para o
nascimento da Bites of History, num conceito que surgiu naturalmente da minha
vocação especial para comunicação pedagógica e gosto pela Historia”.
Quem
o afirma é Luísa Otto, responsável
por esta marca lusa, com quem o Trendy
Wheels falou recentemente e que é hoje a nossa convidada. Assumida a
denominação britânica, suportada por frases-chave que visam criar uma maior proximidade com quem vem de fora, idealizou-se um inédito modo de contar partes
significativas da nossa história, hábitos, música e outras realidades, recorrendo-se a bolachas, vendidas em caixas temáticas ou individualmente, que se têm traduzido
num sucesso absoluto, contribuindo para a gradual rentabilização do
investimento.
Quanto
à escolha da viatura usada “procurámos um veículo com charme e que se diferenciasse dos outros”,
explica, orgulhosa no seu Citroën 2CV Fougonnette azulinho. “A História tem que ser atractiva,
emotiva e viva pelo que procurámos um carro que reúne o factor
histórico/clássico, bem como o charme nostálgico e estético que provoca grande adesão”. Pretendendo obter uma transformação específica, para uma
ímpar exposição das bolachas, recorreu-se a “um arquitecto para o desenho da estrutura
interior, inspirada nos móveis de camisas de homem, com topos acrílicos para
dar uma imagem cuidada desta nossa loja sobre rodas.” Já o
branding é da responsabilidade da agência de comunicação Miss Can.
Para já com um único poiso fixo,
mostra-se bem junto à Torre de Belém, em Lisboa, um dos símbolos máximos dos
nossos Descobrimentos. “Começámos as
vendas perto do Mosteiro dos Jerónimos e após 6 meses tivemos autorização para
ir para junto da Torre de Belém”, explica. “A proximidade do rio predispõe o público para uma atitude contemplativa,
fazendo uma pausa no seu circuito de visitas. Neste ambiente recebem com agrado
as explicações que damos sobre os temas que abordamos nas colecções de bolachas”,
refere, acrescentando que “ninguém
resiste a uma boa história!”
E quanto a segredos...
Desenvolvendo
este produto ímpar com um conjunto de parceiros e fornecedores – ilustradores, copy, gráfica, pastelaria – a Bites of
History completa o processo no seu próprio atelier,
onde se procede à decoração e ao packaging.
Mas... e o que está por detrás destas redondinhas bolachas? Claro que toda a
receita tem um ou mais segredos associados, tendo a nossa entrevistada desvendado
alguns: “Temos uma receita desenvolvida
pela Chef Pasteleira Maria Urmal, diferenciando vários sabores desenvolvidos em
função da época: no Verão apostamos na laranja e gengibre; no Natal temos a bolacha de
especiarias; e na Páscoa a de chocolate com café”, estando a confecção a cargo da pastelaria Quente e Bom.
Conceito 90% histórico, “compõe-se de colecções
– que são também vendidas como peças individuais – ilustradas por Pedro Sousa
Pereira, homem de grande cultura e criativo que aporta uma mais-valia a cada
desenho, onde se descobrem sempre detalhes carregados de significado”. Já o
toque de fantasia das “bolachas gráficas,
nomeadamente as dos Azulejos, a do Lenço do Dia dos Namorados, o Teatro Romano, entre
outras, bem como pedidos específicos de clientes, são feitas pela Rita Fjan. A
colecção que explica a simbologia das decorações de Natal é da Rita Pinto.”
Uma
vez decoradas e colocadas em atractivas embalagens, as bolachas seguem de modo
regular para as imediações da Torre de Belém – “uma 3 vezes por semana em período de Verão” – a bordo desse
icónico 2CV, expondo-se orgulhosamente ao crescente e curioso
público. A dar a cara pela marca está, normalmente, a responsável pelo conceito,
contando com a colaboração de dois vendedores.
“Adorable”,
“wunderbar”, “magnifique”, “pieza de
arte”…
Ao
longo destes agora dois anos de presença assídua num dos pontos mais representativos da história
da nossa cidade e do próprio país, têm sido semelhantes a estas as reacções a tão ímpar conceito,
entre quem nos visita. Há, naturalmente, muitas para contar, entre elas as que abaixo foram partilhadas connosco.
“Recordo com emoção
uma senhora de muita idade - quase 90 anos - que ouviu falar das bolachas e,
tendo achado uma ideia bonita, fez uma viagem de autocarro de uma hora e meia para
as comprar. Chegou até nós com ajuda de uns polícias pois estava perdida e cansada
de andar e, depois de uma longa conversa, comprou as bolachas e voltou para
casa, fazendo mais hora e meia de viagem!”, refere. Outro exemplo aconteceu com “a
colecção ‘Fernando Pessoa’, que provocou momentos muito emotivos entre alguns
turistas brasileiros que, ao lerem excertos dos poemas que estão impressos nas caixas, correu-lhes
lágrimas pelo rosto. Partilhamos uma alma unida pela língua!”, acrescentou.
“Outra história
gira é de um jovem português que vive em Londres e que vem casar em Lisboa. Descobriu
as nossas bolachas porque uma colega de trabalho esteve cá, comprando-lhe uma
bolacha para lhe oferecer lá no escritório, em Inglaterra”. Já a primeira
colecção personalizada para um cliente, “foi
encomendada por uma empresa de eventos do Peru. A sua directora veio a Lisboa a
procura de um lugar para organizar congresso e naturalmente foi visitar a Torre
de Belém. Descobriu as nossas bolachas e depois de regressar a casa
encomendou-nos colecções personalizadas para o seu evento”.
Sete colecções rumo à internacionalização
São,
assim e para já, 7 as colecções da Bites of History – “Monumentos
de Lisboa”, “Heróis do Mar”, “Azulejos”, “Fado”, “Fernando Pessoa”, “Porto”
e “Natal”. “Essas caixas têm 4 bolachas ilustrativas do tema e os textos de
suporte nas peças gráficas do packaging. Os conjuntos são vendidos por € 12,50, mas temos outras avulso, criadas especificamente para eventos, exposições,
museus e empresas, e exemplares que representam ícones da nossa
cultura. A embalagem individual tem sempre um cartão com a reprodução da imagem
e o texto de suporte e são vendidas a € 3,50.”
Em
termos de preferências, “os estrangeiros
gostam sobretudo da colecção ‘Monumentos de Lisboa’ e da ‘Heróis do Mar’ e das
unitárias da ‘Torre de Belém’, ‘Sé de Lisboa’, ‘Eléctrico 28’ e ‘Caravela
Portuguesa’. Note-se que este projecto foi desenvolvido para turistas, grupo
que contempla muitos Portugueses que as compram para levar para fora. Já a
colecção ‘Natal’ é adquirida por todos, sem distinção”.
E
agora que estamos em modo de festividades e em véspera de pedidos de desejos
para o ano novo, o que poderemos esperar do futuro da Bites of History? “Apesar de ainda estarmos em fase de rentabilização
do projecto, em que investimos um valor na ordem dos € 50.000, queremos ter
mais duas licenças em Portugal", referiu Luísa Otto, acrescentando que "ao mesmo tempo estamos a preparar a internacionalização!”.
Será, decerto, mais uma iniciativa lusa se sucesso além-fronteiras, mas enquanto
tal não acontece e já que decerto andamos (quase) todos em "modo compras", que
tal dar um saltinho à Torre de Belém e interiorizar a nossa história numa deliciosa
bolacha Bites of History?
Fica a sugestão!
Imagens: Bites of History e Trendy Wheels/JP |
Cumprimentos
distribuídos irmãmente e até breve!
José Pinheiro
Notas:
1) As opiniões acima expressas são minhas,
decorrentes da experiência no sector e de pesquisa de várias fontes;
2) Direitos reservados das entidades
respectivas aos ‘links’ e/ou imagens utilizados neste texto, conforme expresso.
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