O
novo ano está aí à porta, significado isso que faltarão 32 meses para que Luis Costa esteja de armas e bagagens
por terras do Japão, para aí disputar os Jogos Paralímpicos “Tóquio 2020”. Até
parece ainda muito mas, mesmo a esta distância temporal, o atleta paralímpico
de raízes alentejanas está já em preparativos para esse objectivo, dividindo o
seu tempo entre as mais diversas acções, tentando captar as atenções para uma
modalidade ainda demasiado esquecida ou
mesmo desconsiderada por quem teria o dever de a divulgar e promover.
Dando
algum eco extra ao paraciclismo, o Trendy
Wheels tem-no acompanhado nessa sua ambiciosa mas não impossível jornada,
rumo à conquista de uma medalha – e a ser que seja a de ouro – já nos próximos
Jogos Paralímpicos de Verão, a decorrer de 25 de Agosto a 6 de Setembro de 2020
no Japão. Com uma agenda repleta, este alentejano natural de Castro Verde divide-se
“entre treinos dedicados, entrevistas de promoção
da modalidade ou acções junto dos meus apoiantes”, ao mesmo tempo que defende
“a igualdade entre todos os atletas
olímpicos, com ou sem qualquer grau de deficiência, algo que, infelizmente e
mesmo ao nível das autoridades governamentais, se ficou pelas palmadinhas nas
costas e promessas feitas em 2016, aquando do nosso regresso dos Jogos do Rio”.
Tudo
é conjugado num espaço temporal que
estica ao limite do (quase) impossível, entre a vida pessoal e profissional, mantendo-se
perfeitamente integrado numa exigente força de intervenção, como inspector da
PJ, mesmo com a sua limitação física. Obtidos à força de uma enorme vontade de
chegar mais longe, “esse conjunto de
resultados e medalhas internacionais, obtidas desde que em 2013 me estreei na
modalidade, são dedicados à minha família, em
especial à minha companheira Inês e aos meus filhos”, juntando um agradecimento especial
“ao Selecionador Nacional José Marques e ao Professor Gabriel Mendes, que
gastam neurónios, perdem tempo, acreditam e fazem-me acreditar nas minhas
capacidades e que conseguiram transformar um atleta desconhecido num dos
melhores do mundo da sua classe!”
Noutro patamar destaca “as centenas de pessoas e empresas que me
ajudaram a pagar a handbike de topo que tenho actualmente e às entidades que me
têm apoiado, caso do Sporting Clube de Portugal, da Federação
Portuguesa de Ciclismo e do Comité
Paralímpico de Portugal, grupo que me tem
permitido continuar a ter condições para me dedicar a este desporto.”
“Quero representar
Portugal no Japão”
Se
2017 foi um ano repleto de sucessos pessoais e desportivos, com o ponto alto na
medalha de bronze conquistada nos Mundiais da África do Sul – referi-o na série
de textos que aqui se publicaram em Outubro – os anos de 2018 e 2019 antevêem doses
adicionais de trabalho com vista essa renovada visita ao circuito paralímpico,
quatro anos depois da sua promissora estreia no Brasil.
“Foi, de facto, um ano em cheio e
seguem-se outros de muito mais trabalho. Encontro-me integrado no ‘Programa de
Preparação Paralímpica Tóquio 2020’, pelo que
tenho que arregaçar as mangas para contribuir que Portugal garanta, novamente,
vagas para os próximos Jogos e eu seja um dos escolhidos para o representar”, refere Luis Costa com um indisfarçável orgulho. “Dependendo da altura do ano, por norma
começo a treinar pelas 08h30, variando a duração entre uma hora e meia e quatro
horas. A seguir vou trabalhar até às 19h00 e em certos dias, depois dessa hora,
ainda faço mais um treino de ginásio e só depois vou para casa. Com sorte pelas
22h00 poderei descansar”.
Uma realidade que difere da que tem a maioria dos seus adversários
internacionais, agora que “o Costa” –
como é conhecido entre os seus pares – está de pleno direito no grupo dos
candidatos às medalhas. “Sim, nesse
particular sou um pouco prejudicado em comparação com a maioria, adversários se
dedicam em exclusivo a este desporto. Eu tenho que adequar a minha vida
profissional com a vertente desportiva, com a vantagem de aqui contar com uma
chefia bastante compreensiva, facilitando-me determinadas situações.”
Não
obstante essas diferenças, o atleta que elegeu Portimão como base de trabalho tem
sabido tirar todo o partido da sua preparação e da sua handbike, alcançando os lugares de topo da Categoria H5 em que se
insere, estando invariavelmente no grupo dos candidatos ao pódio nas
competições internacionais em que participa. “Em eventos desse nível aprende-se sobretudo
a lidar com a pressão criada pelas expectativas dos resultados. Sabemos que os
portugueses, mesmo que não liguem ao que fazemos no resto do ano, nesse dia
querem ver a bandeira nacional no mastro mais alto. Actualmente, não tenho
problemas ao enfrentar os ditos ‘gigantes’ nas grandes competições, como o
italiano Alex Zanardi, o holandês Tim de Vries ou o norte-americano Alfredo de
los Santos, entre muitos outros excelentes nomes do paraciclismo, pois afinal já
atingi esse patamar, tornando-me num deles, não é verdade? Existe sim um grande
respeito pelo valor de todos, mais pelo que fazem em competição e não por terem
melhores apoios - que os têm de facto - ou mesmo pelo melhor material, sendo
que aqui estou no mesmo nível, graças à ajuda das centenas de pessoas e de algumas
empresas que investiram em mim e na minha handbike, a quem não me canso de
agradecer”.
O
objectivo passa, assim por subir mais um patamar e de candidato às medalhas internacionais
Costa quer passar a ser candidato às vitórias. “É um facto que estou no paraciclismo há menos tempo do que alguns dos
meus adversários directos, mas se já demonstrei que consigo andar ao mesmo
nível, porque não pensar mais alto e nas vitórias, batendo-os de um modo mais
regular?” Será o somatório desses resultados que irão permitir que Luis
Costa atinja os mínimos de qualificação paralímpica que o levarão até Tóquio.
Não
surpreende que Luis Costa vá, assim, ter uma temporada de 2018 das mais
exigentes de sempre, dividindo-se entre as taças e campeonatos internacionais
da UCI que lhe garantem as tais pontuações que precisa para se qualificar para
os Jogos Paralímpicos de Tóquio, juntando-lhe as participações nos eventos
nacionais, onde “ao mesmo tempo que testo
em ambiente competitivo, promovo a modalidade, nomeadamente junto dos mais
novos e entre aqueles que têm limitações físicas de variada ordem”.
“Com um início de
ano em que se equacionam duas outras potenciais provas em terras lusas, em
Março, tudo irá começar em Espanha já em Janeiro, no ‘Motorland Invernal, evento
realizado no circuito de F1 de Aragón. Depois, de Abril a Junho, o meu
calendário de competições irá contemplar mais 8 eventos, quatro deles fora de
Portugal”,
refere, acrescentando que de Julho a Setembro “tenho 8 outras provas, com destaque para o Campeonato do Mundo de
Paraciclismo, em Itália (Agosto), seguida de uma deslocação ao Canadá, fora três
outros eventos internacionais!”
É, por isso, tempo de começar a fazer as malas e levar a sua “menina” aos cantos do mundo, parte dos temas desta longa entrevista com Luis Costa em que se abordaram outros temas quentes e também algumas saudáveis recordações. Novos conteúdos que terão de ficar para uma próxima edição, a publicar já nesta 6a Feira.
Imagens: Luis Costa - Paraciclista |
Cumprimentos distribuídos irmãmente e até breve!
José Pinheiro
Notas:
1) As opiniões acima expressas são minhas,
decorrentes da experiência no sector e de pesquisa de várias fontes;
2) Direitos reservados das entidades
respectivas aos ‘links’ e/ou imagens utilizados neste texto, conforme expresso.
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