Corridas de automóveis eléctricos, uma realidade que, não há
muitos anos, só se presenciava nas pistas de Scalextric que a rapaziada montava na sala, nos carros telecomandados, nos jogos das múltiplas plataformas ou em filmes de cunho mais futurista. Só que, fruto da real evolução do
conceito, a coisa foi ganhando, gradual e silenciosamente, bastante velocidade,
com base no investimento dos construtores que apostam
nas tais soluções eléctricas e/ou híbridas, tema a que me referi na passada edição
do Trendy Wheels.
Imagem: Fórmula E |
O conceito que temos hoje como mais tradicional das corridas, assente nos
tradicionais cheiros dos diferentes combustíveis nas boxes dos circuitos, bem como os sonoros
roncos dos motores, irá, assim dar lugar a soluções mais amigas do ambiente e a suaves silvos dos blocos de baterias de emissões zero, tudo porque a electricidade já se propaga – com bastante substância e
tecnologia associada, diga-se! – ao desporto motorizado internacional, mexendo
no há muito instituído.
Em tempos vista como inatingível, quais deuses do Olimpo ou pináculo da tecnologia automóvel, a todo-poderosa Fórmula 1 tem-se visto, ao longo dos
últimos três anos, seriamente ameaçada pela chegada – e gradual sucesso e
visibilidade – do Campeonato FIA de
Fórmula E que até faz disputar os seus ePrix - acrónimo para "electric Grand Prix" - bem no centro das grandes cidades.
Algumas até já foram palcos de Grandes Prémios de F1 e aonde esta desejaria
regressar, objectivo hoje de impossível concretização por razões ambientais, de poluição
atmosférica e sonora, apenas se mantendo no activo o GP do Mónaco, desenhado
nas ruas e avenidas da icónica capital deste Principado, por uma simples razão: dólares!
Com
essa leva de pessoas aos ePrix desenhados nos centros das urbes do planeta - infelizmente
ainda nenhuma delas por cá - tem sido gradual e sustentado o sucesso da Fórmula
E, até porque também não se obriga os espectadores a deslocações até pistas mais fora de mão. Tanto que são cada vez mais as marcas presentes na
série, abandonando anos de presença na F1 e noutras modalidades. Uma delas é a distinta
Jaguar, marca de luxo de origem britânica que para esta
nova temporada de 2017/18 fez um reforço significativo de investimento na série, onde participa com o seu próprio monolugar, mas este ano estreando o
i-Pace eTROPHY, um novo troféu monomarca 100% eléctrico, com base no seu modelo i-Pace, como programa de apoio aos diferentes ePrix.
Imagens: Jaguar |
Fórmula E, Temporada 4
Pergunta
para queijinho: quem irá bater o, até agora, invencível Renault e.dams Formula E Team? É esta uma das questões à entrada da
nova temporada da Fórmula E, pois foi esta associação francesa que conquistou os
troféus de equipas das três anteriores edições, somando-se outro de pilotos em 2015/16, um domínio assinalável nesta nova realidade das corridas de
monolugares... eléctricos!
Imagem: Renault |
Campeonato
que, ao contrário dos demais, se inicia num ano para terminar no seguinte, esta
edição 2017/18 até já arrancou, pelo menos nos bastidores, com as habituais novidades em termos de movimentações de
pilotos e de equipas. Teremos 20 carros em pista, dois por cada uma das 10 formações que partem ao assalto dos dois
novos títulos (Pilotos e Equipas). Estes monolugares são 100% eléctricos e de chassis e pneus idênticos, sendo dois por piloto e por corrida, pois se na F1 as corridas envolvem trocas de
pneus, na Fórmula E troca-se... de carro! A operação é feita sensivelmente a meio das corridas,
altura em que as baterias terão esgotado a quase totalidade da sua carga útil, uma
particularidade em que se está a trabalhar para que, a curto/médio prazo, deixe de acontecer, face à maior
autonomia das futuras baterias, passando a permitir cumprir-se a totalidade de um ePrix. Uma coisa é certa: manter-se-á sempre como pedra-chave desta competição a correcta gestão da energia por cada piloto, de modo a não se ficar sem combustível... perdão, sem electricidade!
Vendo a Fórmula E como o
veículo por excelência para promover as suas gamas eléctricas, híbridas e plug-in, regista-se, como adiantei acima, um crescente envolvimento directo das marcas automóveis, sendo que na temporada que está prestes a iniciar-se são 4 os construtores oficialmente inscritos – Audi, DS, Jaguar e Renault – mais a BMW a fazer uma época de transição como parceira da equipa norte-americana
Andretti, para assumir em pleno as rédeas do projecto em 2018/19.
Somem-se
as (ainda) quase desconhecidas marcas chinesas Faraday, NIO e Techeetah, a
monegasca Venturi e a indiana Mahindra e teremos 20 monolugares verdes a rechear
as grelhas de partida e a dar espectáculo em pista. Não acredita? Então veja o vídeo no final deste texto).
Imagens: Fórmula E |
Imagens: BMW, Mercedes-Benz |
A febre do ambiente
Outra sensação desta 4ª época da Fórmula E, que está prestes a iniciar-se, é o anunciado regresso da Suíça ao desporto automóvel internacional, país que há mais de 60 anos baniu as grandes competições dentro das suas fronteiras, curiosamente devido ao muito trágico acidente ocorrido na vizinha França, nas 24 Horas de Le Mans de 1955. Findo esse luto motorizado e fruto do conteúdo verde desta competição 100% eléctrica, será Zurique a cidade que irá ter ePrix no centro da cidade, a realizar a 10 de Junho próximo.
Imagens: Fórmula E |
Saiba tudo aqui sobre uma modalidade com que até pode interagir directamente, oferecendo bónus de energia ao(s) seu(s) piloto(s) favorito(s), processo feito através de uma plataforma própria, recorrendo ao hashtag #fanboost. Alerto que até há um português - António Félix da Costa (imagem acima) - neste campeonato, como piloto oficial da BMW, pelo que toca a puxar pelas cores lusas!
Entretanto, se quiser um cheirinho do que sucedeu nos primeiros 3 anos de vida deste Campeonato de Fórmula E, basta apreciar o seguinte conjunto de imagens:
Cumprimentos
distribuídos irmãmente e até breve!
José Pinheiro
Notas:
1) As opiniões acima expressas são minhas,
decorrentes da experiência no sector e de pesquisa de várias fontes;
2) Direitos reservados das entidades
respectivas aos ‘links’ e/ou imagens utilizados neste texto, conforme expresso.
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