A centenária Vila de Cascais
está, desde o passado dia 7 de Outubro, bastante mais rica em termos de património.
Não que tenha sido inaugurado qualquer novo espaço decorrente das recentes
Eleições Autárquicas, mas porque nesse dia foi apresentada ao público a nova Biblioteca Móvel de Cascais, herdeira
de um passado que remonta a 1953.
Foi
na Praia da Poça (Estoril) e o Trendy
Wheels esteve lá, testemunhando a abertura deste espaço itinerante que até no
decalque aplicado na viatura retrata o semelhante veículo que, há mais de meio século, transportava
livros de conteúdo diverso para educação da população local, levando letras e
imagens aos que, por uma qualquer razão, não podiam deslocar-se a bibliotecas
ou desafogo financeiro para os adquirir.
Data de 18 de Março de 1911 o primeiro Decreto-Lei sobre o tema, tendo os os
bibliomóveis evoluído a muito baixa velocidade, nomeadamente através dos chamados “carros ou barracas sobre rodas”. Só em 1953 surgiria em Cascais o primeiro o carro-biblioteca, numa ideia impulsionada
por António Branquinho da Fonseca, escritor e conservador/bibliotecário do
Museu e Biblioteca Conde Castro de Guimarães. Circulando pelas escolas do
Concelho e lugares mais centrais da vila, o sucesso do projecto foi tal que, cinco
anos depois, a gigante Fundação
Calouste Gulbenkian – através de Azeredo Perdigão – deu início a um serviço de
bibliotecas móveis de âmbito nacional, primeiro com recurso a 15 Citroën Type-H,
número que cresceria até às 47 unidades, levando cultura e sorrisos às zonas
mais recônditas do nosso país.
É
em homenagem àquele grande impulsionador que nasce, sob a égide do conceito “Livros que andam”, um novo e recheado bibliomóvel,
agora pelas mãos da Fundação D. Luís I, num projecto colaborativo com o Município
local. “Manusear um livro é um acto
salutar, faz bem à saúde, apesar de hoje dispormos de várias formas de ler um
livro”, referiu, na altura, Salvato Teles de Meneses, Presidente daquela Fundação,
salientando o tal elemento de tradição, numa procura por “homenagear o escritor e, ao mesmo tempo, voltar a conquistar as
pessoas para a leitura. Para tal, procurámos nas bibliotecas de Cascais o apoio
necessário para se poder desencadear esta homenagem e pôr à disposição dos
residentes do Concelho um acervo de livros e outros recursos de informação, nos
mais diversos suportes”.
Já
João Miguel Henriques, responsável pelo Arquivo Municipal de Cascais,
acrescentou tratar-se de um “instrumento
de futuro, havendo, neste momento, uma rede de bibliotecas municipais que todos
os dias procuram promover o gosto pelo livro e pela leitura. Por isso esta
iniciativa parece-nos tão relevante, numa altura em que, mais do que nunca, as
bibliotecas têm registado um crescimento substancial do seu número de
utilizadores, continuando a ambicionar chegar a mais pessoas por todo o Concelho”.
Desta
vez tendo como base uma mais moderna van Hyundai H350, devidamente transformada para o efeito e dotada de equipamentos complementares, a
nova Biblioteca Móvel de Cascais vai permitir o acesso ao livro e a outros suportes, inerentes à presente realidade, e à leitura em locais de grande concentração do Concelho,
nomeadamente, em articulação com Associações Populares de Cultura e Recreio,
centros de dia, lares de idosos e o Estabelecimento Prisional de Tires, entre
outros. A saída oficial para esse périplo concelhio acontecerá no já amanhã (dia 14),
podendo os locais de paragem ser consultados no portal do Cascais Cultura.
A multiplicação da
espécie
Se
segue o Facebook da Nave Voadora, Bibliotecas Itinerantes em Portugal decerto não é, para si, novidade saber que o leque de bibliomóveis é algo
que se tem multiplicado, com os mais recentes exemplares a surgirem em locais
tão díspares do nosso país, como Penacova, Proença-a-Nova, Vila Real, Terra
Chã, Gondomar e Alcanena, entre muitos outros, orgulhoso e crescente grupo a que Cascais volta agora a
pertencer.
O crescimento desta rede de mobilidade das letras levou a que também se tenham tornado regulares encontros nacionais, com enorme adesão e sucesso, sendo exemplos a “Maratona de Leitura”, que em Julho
último levou à Sertã vários destes exemplares, ou o “Encontro de Bibliotecas Itinerantes” do Município da Chamusca, cuja 2ª edição decorrerá nos dias 27 e 28 de Outubro, ali reunindo muitas das mais novas e antigas bibliotecas
sobre rodas do país. Decorrerá sob o tema “Heterónimos
de Nós” e as inscrições ainda estão abertas, pelo que se estiver interessado consulte as informações
aqui.
Há muitas expressões relacionadas, sendo comum ouvir-se que “a leitura é o alimento da alma”, ou que “ler é sonhar pela mão de outrem”. Por essa razão deixo o repto: leiam,
muito de preferência e, se possível, à boleia dos novos bibliomóveis!
Cumprimentos
distribuídos irmãmente e até breve!
José Pinheiro
Notas:
1) As opiniões acima expressas são minhas,
decorrentes da experiência no sector e de pesquisa de várias fontes;
2) Direitos reservados das entidades
respectivas aos ‘links’ e/ou imagens utilizados neste texto, conforme expresso.
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