quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Mazda MX-5: E o Natal chega mais cedo

E eis que se volta a ser criança! É assim, de repente e sem avisar, regressando aos tempos em que estamos rodeados de rocas, mordedores de borracha e peluches, carrinhos de fricção, garagens e coisas com peças que nos proíbem de por na boca. Agora só dispensamos as fraldas, pois nunca se chega a tanto, o biberon e a chucha, que só atrapalham! Ah sim, e também a árvore de Natal, pois não cabe. Nem uma bonsai quanto mais!!!

Hoje o meu brinquedo é o Mazda MX-5, algo que devia ser obrigatório para qualquer criança, logo que se nasce. Sim, primeiro do tipo peluche, depois nos livrinhos de pintar, a lápis, caneta de feltro ou aguarelas, seguindo-se os coleccionáveis às várias escalas, pósteres nas paredes – quais ídolos da musica, qual quê! – e, uma vez tirada a carta, um verdadeiro!
E se um é bom, aqui é caso para dizer que dois é fantástico! Isto porque o roadster mais vendido do mundo – há pouco mais de um ano ultrapassou o patamar de 1 milhão de unidades vendidas em todo o planeta, nas suas quatro gerações (“NA”“NB”“NC” e esta “ND”) – tem desde o ano passado dois derivativos complementares. Chamei, por isso, o meu alter-ego para fazer comigo este confronto entre o Mazda MX-5 soft-top, com uma capota manual em lona que se abre/dobra facilmente, e outro Mazda MX-5 RF, dotado de um tejadilho rígido e eléctrico, que a marca chamou de Retractable Fastback. Ufff… e que teste este, pois apesar de muito semelhantes em conteúdos, estes irmãos de sangue eram também algo diferentes, nomeadamente em termos mecânicos.

3… 2… 1… Liguem-se os motores!
Mais comedido, segundo o meu habitual low profile, escolhi o MX-5 de capota de lona, brinquedo com que me identifico muito mais: motor mais pequenino (um 1.500 de 130 cv) e uma caixa manual de 6 velocidades, de engrenagens rápidas e muito curtinhas, mais parecendo um kart de estrada. Delicioso, tal como o som quando se arranca, engrenando a 1ª e depois a 2ª e depois...! Querooooooooooooooooooooooooooo maaaaaaaaaaaaaaais!!!!!

Quanto ao meu eu fanfarrão, preferiu a variante mais recente do tipo fast & smooth para que, preguiçoso como é, lhe bastasse um botão na consola para ficar com a careca ao sol, assistindo comodamente ao arrumar da capota atrás dos bancos – em apenas 12 segundos – dando origem a um roadster do tipo targa (há quem faça a ponte com o famoso formato dos Porsche 911, num elogio significativo). Como se tal não bastasse, também a caixa de velocidades era de 6 relações mas aqui automática, podendo até pô-la em modo sequencial e, com isso, brincar com as patilhas no volante, associada a um motor de 2.0 litros, de maior potência (160 cv) e até um modo Sport que o torna um pouco mais spicy. Hummmm… hot!!!

Por falar em quente, falemos da cor, um referencial tom Soul Red que, em conjunto com as linhas de design KODO fazia virar várias cabeças, muitas mesmo, de dois MX-5 que eram, também, quase idênticos no equipamento, assentando no nível Excellence, o maior e mais recheado da gama, associado ao pack Navi (navegação).
De resto, lá dentro, naqueles exíguos cockpits e uma vez fechadas as capotas, os AC automáticos faziam as vezes do fresquinho ou do quentinho, ao mesmo tempo que tirávamos todo o partido do avançado sistema áudio da BOSE que os equipava, comodamente sentados nos bancos em pele (mais confortáveis no MX-5 RF) que integravam altifalantes nos encostos de cabeça, complementando a restante distribuição do som. O resto era minimalista, já que qualquer coisa que se levasse para o interior teria obrigatoriamente de ser guardado lá atrás, nas pequenas bagageiras. Não há espaços para guardar/prender nada, apenas uma pequenina consola debaixo do AC, para encaixar o telemóvel e a carteira, e um porta-luvas (com chave) entre os bancos, no painel traseiro. Papeis soltos nem pensar, pois o mais certo era voarem, tão depressa quanto subiam os níveis de adrenalina quando nos sentamos ao volante e pressionamos o botão de start!
Afinal, desde quando são precisas mordomias num kart? Aqui no Mazda MX-5 o conceito aproxima-se muito do rough & tough, se bem que nestes dois casos com algum conforto associado.

Conduzi-los é toda uma sensação levada aos extremos do prazer, de múltiplos prazeres, pois os excelentes chassis e mecânicas Mazda SKYACTIV associadas isso lhes garantem. Em absoluto! Ouvir ambos os motores, sentir as rotações a subir e a descer à medida que se engrenam as velocidades, nomeadamente na curtinha caixa manual – já disse o quão deliciosa ela é no 1.5 – pelo que explorá-la na versão 2.0 deve ser bem mais agradável do que nesta versão automática que o meu outro eu conduziu. Não que ele se tenha queixado, nomeadamente quando o punha no tal modo Sport e brincava com as patilhas no volante na vertente sequencial, aproveitando o extra de binário. Pois… são gostos e esses não se discutem, nomeadamente com o gajo que, invariavelmente, vemos no espelho a cada manhã.
Já no custo associado à plena exploração das capacidades destes dois brinquedos para gente crescida, mas que os mais novos também querem ter – a minha descendência que o diga!!! – há que contar com algumas idas extra à bomba. Se se andar com eles ao colo, algo que não é, decididamente, a sua essência, até se conseguem fazer médias simpáticas, agora, se o pé teimar em andar a explorar o pedal do acelerador, pois, o cartão do combustível vai ter algum uso extra, nomeadamente na variante mais potente com caixa automática. O puro prazer é só na condução e nas viagens de cabelos ao vento, ou carecas no nosso caso! Milagres fazem-se mas não é nesta secção.

Do "NA" ao "ND": um salto geracional
Estes Mazda MX-5 da 4ª geração (chamam-lhes “ND”) são uma clara e natural evolução face ao original conceito “NA” de 1989. Tanto que têm conquistado os mais diversos galardões internacionais, nomeadamente o de “Carro do Ano Mundial” e “Design do Ano Mundial”, ambos em 2016, o conceituado “Red Dot Award – Best of the Best” em 2015 e 2017, atribuído aos conceitos que mais se diferenciam dos produtos seus equivalentes nas diferentes indústrias e actividades, entre dezenas de outros prémios nacionais e internacionais.

Soluções transversais a todos os actuais modelos da marca japonesa, também estes MX-5 contam com ajudas à condução, inerentes ao salto tecnológico que se tem operado no sector e dentro da própria Mazda: abrem-se com um toque nos puxadores das portas e fecham-se sozinhos, quando nos afastamos e sem que tenhamos de procurar as chaves, põe-se a trabalhar com o botão de start & stop (este servia para quando os tínhamos de deixar descansar – eles e nós – por algum tempo…), tinham direcção assistida, controlo de tracção, aviso/ajuda à manutenção na faixa, aviso de ângulo morto, mais os controlos de estabilidade, sensores de estacionamento atrás, de pressão de pneus, da chuva e da luz (com faróis automáticos), juntando-se na variante mais potente os sistemas i-stop (no pára/arranca e nos semáforos) e i-ELOOP (regeneração da energia da travagem), bem como o diferencial auto-blocante e uma suspensão mais sporty! Ok… estes até os dou de barato, mas em (quase) tudo o resto o meu popó era igualzinho ao do meu rival!

Visualmente – sim, já o disse, mas não me canso – ambos eram autênticos ímanes de olhares, na estrada ou a quem se lhes apresentava sempre que parávamos num semáforo ou estacionamento. O inigualável vermelho pigmentado com milhares de flocos brilhantes ajuda, claro, mas a exploração do design KODO nestes Mazda MX-5 é algo do outro mundo. Seja com as capotas postas ou bem arrumadas lá atrás, as frentes mergulhantes de olhos rasgados e as deliciosas traseiras com farolins redondos integrados cativavam familiares e desconhecidos, dando origem a uma sucessão de perguntas & respostas.

Dois deliciosos brinquedos por…
“E andam?”, “E a travar?”, “E as capotas?”, “E isto?”, “E aquilo?”, “E…?” com as consequentes respostas seguidas de rasgados elogios e algo semelhante a um indisfarçável “Niceeeeeeeeeeee!!!!”, para logo depois virem os inevitáveis “E quanto custam?”.

Dadas as suas naturais limitações, inerentes ao conceito roadster de 2 lugares, estes MX-5 não são carros para o dia-a-dia, até muito mais do que não serem para todas as carteiras. Os preços de entrada na gama até são relativamente acessíveis (€ 25.100 para o soft-top e € 29.850 no caso do RF), mas as duas variantes aqui em análise, bem mais recheadas, surgem com valores um nadinha superiores: € 31.600 para o meu Mazda MX-5 (soft-top) 1.5 SKYACTIV-G (131 cv) MT Excellence Navi e € 44.425 para o Mazda MX-5 RF 2.0 SKYACTIV-G (160 cv) AT Excellence Navi do meu outro eu.
Pois… mesmo a este nível a exclusividade paga-se, pelo que se quiser analisar outras possibilidades clique nos respectivos configuradores, aqui e aqui

Quanto a nós, de repente vimo-nos num berreiro a plenos pulmões, pois acabou-se a brincadeira, chegando a hora de arrumar os popós, da obrigatória muda da fralda (afinal…), para depois se comer a papinha toda e vir o inevitável xi-xi/cama. Mesmo contrariado, continuo na minha: MX-5 é sempre com caixa manual… não quero cá saber de automáticos, de autónomos ou de algo que me retire o verdadeiro prazer de condução. Algo que os japoneses na Mazda chamam de Jinba Ittai… recorda-se?.
Termino com um agradecimento muito especial ao Luis Azevedo da LAZEVEDOPHOTO, cujo profissionalismo permitiu eternizar em imagens este autêntico sonho em duplicado!
Imagens: LAZEVEDOPHOTO.COM
Vou agora dormir um soninho bom, sonhando com esse dia em que, já mais crescido, possa ter um Mazda MX-5, quem sabe da geração “NE” ou “NF”, todinho para mim! É que o meu outro eu já me leva uns minutos de avanço e eu tenho de o apanhar… Vrummmmmmmmmmmmmmmmmmmmm!!!
Cumprimentos distribuídos irmãmente e até breve!
José Pinheiro
Notas:
1) As opiniões acima expressas são minhas, decorrentes da experiência no sector e de pesquisa de várias fontes;
2) Direitos reservados das entidades respectivas aos ‘links’ e/ou imagens utilizados neste texto, conforme expresso.

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