Não
há muito tempo – foi em Maio – abordei aqui no Trendy Wheels a temática da escolha dos nomes para automóveis, técnica
que está dependente de uma série de factores, nomeadamente a sua sonoridade ou
a (preferencial) adequação aos diferentes mercados a que um determinado modelo
se destina, de modo a não obrigar a alterações de última hora ou a que um mesmo veículo tenha duas designações diferentes em pontos diferentes do planeta, obrigando a
reforços de investimento.
A
mais recente acção neste domínio pertence à espanhola SEAT que está prestes a lançar um novo modelo – um SUV, claro está!
– para o qual e pela primeira vez na sua história, pediu ajuda a clientes e fãs
da marca na escolha do nome final deste seu novo produto, possivelmente nascido à imagem do estudo “20v20”. E não o faz por
menos pois tratar-se-á do SUV que, a partir do seu lançamento em 2018, se
posicionará como topo de gama neste cada vez mais importante segmento europeu, o 3º do seu catálogo que acaba de ver chegar o novo crossover compacto Arona e que já integrava o SUV médio Ateca.
Conhecida
por adoptar, na grande maioria dos casos e fruto das suas raízes que remontam a
1950, nomes de cidades e/ou localidades espanholas, a SEAT prepara-se para juntar mais
uma cidade a essa extensa lista. São exemplos, da gama actual, os modelos Ibiza
(uma das Ilhas Baleares), Toledo e Leon (de províncias com o mesmo nome), Arona
(em Santa Cruz de Tenerife), Ateca (Saragoça) e Alhambra (Granada), bem como
outros do seu passado, recente e mais longínquo, como o Altea (Alicante), Arosa
(Galicia), Cordoba, (Cordoba), Malaga, Marbella e Ronda (todas em Malaga), etc.
Aberta
a iniciativa a 1 de Junho com o hashtag
#SEATbuscaNombre (disponível em várias línguas), 133.000 internautas de 106 países
propuseram, em conjunto, 10.130 nomes de terras/regiões/monumentos
espanhóis para este futuro SUV, lista que a marca reduziu depois a 9, apenas escolhendo
os que melhor poderiam transmitir a personalidade do veículo e depois de
ultrapassadas as questões de linguística e legais. Seguiu-se nova auscultação junto
dos seus clientes para o grupo se ver reduzido a 4 nomes finalistas.
São
eles: Alboran, uma ilhota do Mediterrâneo,
a meio caminho entre a Península Ibérica e o Norte de África (parte do
município de Almeria), Aranda e Avila, ambas parte da região de
Castilla y León, respectivamente nas províncias de Burgos e Ávila, e ainda Tarraco, cidade romana hoje “Património
da Humanidade da UNESCO” e que deu origem à actual Tarragona, sita na província homónima.
“Agora Escolha” parece ser o mote,
disponibilizando na internet um portal dedicado para o efeito – se quiser
contribuir faça-o aqui - mas
despache-se e faça-o durante este fim-de-semana, pois a votação só está online
até 2ª Feira (25 Setembro), numa eleição que se tornará histórica em Outubro,
quando nascer esse novo SEAT, com um nome eleito, quem sabe, por si!
Todos querem um SUV
Ainda
sobre o mercado e ao segmento SUV – acrónimo para Sport Utility Vehicle – em particular, os analistas da JATO prevêem
que em 2020, ou seja, já daqui a 2 anos e só na Europa, ele possa representar
um volume de vendas na ordem dos 5,7 milhões de carros, para uma quota de
mercado de 34% (+8% do que em 2015 e também +8% do que a evolução registada entre
2007 e 2015)! Impressionante pois não há muito tempo eram os Citadinos e os Pequenos
Familiares a registar essas percentagens e a deter esse estatuto. Só que o
mundo está a mudar e os gostos/necessidades dos consumidores também e o que
está a dar é ter um SUV ou um crossover,
outra designação por que também são conhecidos estes modelos de versatilidade
ímpar.
A
título de informação, por cá, num país que anda nas bocas do mundo porque a
AutoEuropa entretanto iniciou a produção de um novo SUV, o VW T-Roc, o top-3 nacional neste segmento é o
seguinte: 1º Renault Captur; 2º Nissan Qashqai; 3º Peugeot 3008. Na Europa o escalonamento
é outro, com o Qashqai como líder, à frente do VW Tiguan e do Captur.
Nomes fixes e outros que... enfim!
O
acima descrito é diferente de tudo o que habitualmente se faz no sector
automóvel. De acordo com fonte da SEAT, assim que em Março último foi anunciado
o lançamento, para 2018, de um novo SUV de 7 lugares, imediatamente e sem que o
tenha solicitado, a marca recebeu dos seus fãs e clientes mais de 500 sugestões
de nomes, pelo que os seus responsáveis decidiram-se por avançar para esta
acção pública, abdicando do tradicional processo.
Imagens: SEAT |
De
acordo com os especialistas as opções habituais passam pela análise de uma lista
com centenas de referências, envolvendo equipas de marketing, design e comunicação,
ou comprando-se esse serviço a empresas especialistas na matéria, que
apresentam listas já eliminadas, sempre que possível, de conjugações de difícil
compreensão linguística em alguns mercados, de nomes já registados ou
protegidos por questões legais, ou ainda outros que se possam, de algum modo,
tornar-se ofensivos ou mesmo abusivos, fruto de avançadas ferramentas de
análise.
Depois,
como disse no texto “Diz-me o que conduzes…” de Maio último, há uma sequência lógica de nomes em determinadas marcas,
seja pela conjugação aparentemente aleatória entre letras e números (o segmento
conjugado com a cilindrada do modelo, por exemplo, num grupo alfanumérico que
marcas como a BMW, Mercedes e Audi são pródigas), ou porque o habitual é ter numa
marca ou gama nomes de ventos, deuses, animais, astrologia, astronomia ou
mitologia, ou mesmo com heranças familiares. Outros há ainda de inspiração desconhecida,
não se referindo a nada em particular, mas resultando ou soando muito bem nos mercados
onde o mesmo vai ser vendido. Isto mesmo que, por vezes, venham a colidir com
outras questões noutros países ou regiões!
Imagens: Hyundai |
Só
que às vezes o TPC parece não ter sido feito na totalidade ou então decidiu-se
avançar mesmo assim, gerindo-se as questões caso a caso, quando e se surgirem! Um
exemplo recente é o Hyundai Kauai, um SUV que noutros mercados se chama… Kona! Pois…
dada a sua sonoridade na língua de Camões, por cá alterou-se a denominação por
razões óbvias, não se ferindo, assim, susceptibilidades ou dando azo a gozos. Já
agora, Kona (ou Kailia-Kona) é um distrito da Maior Ilha do arquipélago do Havai,
mas os coreanos optaram por lançar o carro em Portugal como Kauai (lê-se Kaua'i), a 4ª maior e também a mais
antiga ilha do Havai.
Não está sozinho neste peculiar grupo pois outros houve
com nomes tão díspares como LaPuta, Ascona, Qazana, Bronco, Besta ou Moco (macaco do nariz em espanhol), ou mesmo Vito e Fitta que em alguns países nórdicos e
em japonês são referências ao órgão sexual feminino, enquanto Pinto em brasileiro é calão, mais ou menos suave, para o pénis, mais o Pajero que em
espanhol envolve brincadeiras
individuais com a genitália, tal como a expressão LaCross em França, ou ainda o Zika, que lançado na altura da praga de mosquitos com o mesmo
nome, obrigou a marca a optar por outra solução. Elucidativo!
Cumprimentos
distribuídos irmãmente e até breve!
José Pinheiro
Notas:
1) As opiniões acima expressas são minhas,
decorrentes da experiência no sector e de pesquisa de várias fontes;
2) Direitos reservados das entidades
respectivas aos ‘links’ e/ou imagens utilizados neste texto, conforme expresso.
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