sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Escolha o nome do próximo SEAT

Não há muito tempo – foi em Maio – abordei aqui no Trendy Wheels a temática da escolha dos nomes para automóveis, técnica que está dependente de uma série de factores, nomeadamente a sua sonoridade ou a (preferencial) adequação aos diferentes mercados a que um determinado modelo se destina, de modo a não obrigar a alterações de última hora ou a que um mesmo veículo tenha duas designações diferentes em pontos diferentes do planeta, obrigando a reforços de investimento.

A mais recente acção neste domínio pertence à espanhola SEAT que está prestes a lançar um novo modelo – um SUV, claro está! – para o qual e pela primeira vez na sua história, pediu ajuda a clientes e fãs da marca na escolha do nome final deste seu novo produto, possivelmente nascido à imagem do estudo “20v20”. E não o faz por menos pois tratar-se-á do SUV que, a partir do seu lançamento em 2018, se posicionará como topo de gama neste cada vez mais importante segmento europeu, o 3º do seu catálogo que acaba de ver chegar o novo crossover compacto Arona e que já integrava o SUV médio Ateca.
Conhecida por adoptar, na grande maioria dos casos e fruto das suas raízes que remontam a 1950, nomes de cidades e/ou localidades espanholas, a SEAT prepara-se para juntar mais uma cidade a essa extensa lista. São exemplos, da gama actual, os modelos Ibiza (uma das Ilhas Baleares), Toledo e Leon (de províncias com o mesmo nome), Arona (em Santa Cruz de Tenerife), Ateca (Saragoça) e Alhambra (Granada), bem como outros do seu passado, recente e mais longínquo, como o Altea (Alicante), Arosa (Galicia), Cordoba, (Cordoba), Malaga, Marbella e Ronda (todas em Malaga), etc.
Aberta a iniciativa a 1 de Junho com o hashtag #SEATbuscaNombre (disponível em várias línguas), 133.000 internautas de 106 países propuseram, em conjunto, 10.130 nomes de terras/regiões/monumentos espanhóis para este futuro SUV, lista que a marca reduziu depois a 9, apenas escolhendo os que melhor poderiam transmitir a personalidade do veículo e depois de ultrapassadas as questões de linguística e legais. Seguiu-se nova auscultação junto dos seus clientes para o grupo se ver reduzido a 4 nomes finalistas.
São eles: Alboran, uma ilhota do Mediterrâneo, a meio caminho entre a Península Ibérica e o Norte de África (parte do município de Almeria), Aranda e Avila, ambas parte da região de Castilla y León, respectivamente nas províncias de Burgos e Ávila, e ainda Tarraco, cidade romana hoje “Património da Humanidade da UNESCO” e que deu origem à actual Tarragona, sita na província homónima.
“Agora Escolha” parece ser o mote, disponibilizando na internet um portal dedicado para o efeito – se quiser contribuir faça-o aqui - mas despache-se e faça-o durante este fim-de-semana, pois a votação só está online até 2ª Feira (25 Setembro), numa eleição que se tornará histórica em Outubro, quando nascer esse novo SEAT, com um nome eleito, quem sabe, por si!



Todos querem um SUV
Ainda sobre o mercado e ao segmento SUV – acrónimo para Sport Utility Vehicle – em particular, os analistas da JATO prevêem que em 2020, ou seja, já daqui a 2 anos e só na Europa, ele possa representar um volume de vendas na ordem dos 5,7 milhões de carros, para uma quota de mercado de 34% (+8% do que em 2015 e também +8% do que a evolução registada entre 2007 e 2015)! Impressionante pois não há muito tempo eram os Citadinos e os Pequenos Familiares a registar essas percentagens e a deter esse estatuto. Só que o mundo está a mudar e os gostos/necessidades dos consumidores também e o que está a dar é ter um SUV ou um crossover, outra designação por que também são conhecidos estes modelos de versatilidade ímpar.
A título de informação, por cá, num país que anda nas bocas do mundo porque a AutoEuropa entretanto iniciou a produção de um novo SUV, o VW T-Roc, o top-3 nacional neste segmento é o seguinte: 1º Renault Captur; 2º Nissan Qashqai; 3º Peugeot 3008. Na Europa o escalonamento é outro, com o Qashqai como líder, à frente do VW Tiguan e do Captur.

Nomes fixes e outros que... enfim!
O acima descrito é diferente de tudo o que habitualmente se faz no sector automóvel. De acordo com fonte da SEAT, assim que em Março último foi anunciado o lançamento, para 2018, de um novo SUV de 7 lugares, imediatamente e sem que o tenha solicitado, a marca recebeu dos seus fãs e clientes mais de 500 sugestões de nomes, pelo que os seus responsáveis decidiram-se por avançar para esta acção pública, abdicando do tradicional processo.
Imagens: SEAT

De acordo com os especialistas as opções habituais passam pela análise de uma lista com centenas de referências, envolvendo equipas de marketing, design e comunicação, ou comprando-se esse serviço a empresas especialistas na matéria, que apresentam listas já eliminadas, sempre que possível, de conjugações de difícil compreensão linguística em alguns mercados, de nomes já registados ou protegidos por questões legais, ou ainda outros que se possam, de algum modo, tornar-se ofensivos ou mesmo abusivos, fruto de avançadas ferramentas de análise.
Depois, como disse no texto Diz-me o que conduzes… de Maio último, há uma sequência lógica de nomes em determinadas marcas, seja pela conjugação aparentemente aleatória entre letras e números (o segmento conjugado com a cilindrada do modelo, por exemplo, num grupo alfanumérico que marcas como a BMW, Mercedes e Audi são pródigas), ou porque o habitual é ter numa marca ou gama nomes de ventos, deuses, animais, astrologia, astronomia ou mitologia, ou mesmo com heranças familiares. Outros há ainda de inspiração desconhecida, não se referindo a nada em particular, mas resultando ou soando muito bem nos mercados onde o mesmo vai ser vendido. Isto mesmo que, por vezes, venham a colidir com outras questões noutros países ou regiões!
Imagens: Hyundai

Só que às vezes o TPC parece não ter sido feito na totalidade ou então decidiu-se avançar mesmo assim, gerindo-se as questões caso a caso, quando e se surgirem! Um exemplo recente é o Hyundai Kauai, um SUV que noutros mercados se chama… Kona! Pois… dada a sua sonoridade na língua de Camões, por cá alterou-se a denominação por razões óbvias, não se ferindo, assim, susceptibilidades ou dando azo a gozos. Já agora, Kona (ou Kailia-Kona) é um distrito da Maior Ilha do arquipélago do Havai, mas os coreanos optaram por lançar o carro em Portugal como Kauai (lê-se Kaua'i), a 4ª maior e também a mais antiga ilha do Havai.
Não está sozinho neste peculiar grupo pois outros houve com nomes tão díspares como LaPuta, Ascona, Qazana, Bronco, Besta ou Moco (macaco do nariz em espanhol), ou mesmo Vito e Fitta que em alguns países nórdicos e em japonês são referências ao órgão sexual feminino, enquanto Pinto em brasileiro é calão, mais ou menos suave, para o pénis, mais o Pajero que em espanhol envolve brincadeiras individuais com a genitália, tal como a expressão LaCross em França, ou ainda o Zika, que lançado na altura da praga de mosquitos com o mesmo nome, obrigou a marca a optar por outra solução. Elucidativo!
Cumprimentos distribuídos irmãmente e até breve!
José Pinheiro
Notas:
1) As opiniões acima expressas são minhas, decorrentes da experiência no sector e de pesquisa de várias fontes;
2) Direitos reservados das entidades respectivas aos ‘links’ e/ou imagens utilizados neste texto, conforme expresso.

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