quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Mazda CX-3: Gémeos com muita essência

“Eu tenho dois amores, quem em muito são iguais; Mas tenho plena certeza, de qual eu gosto mais…” Fazendo uns pequenos ajustes e o tema do ultra-popular cantor nacional Marco Paulo até se adequaria aos meus convidados de hoje, dois falsos gémeos Mazda CX-3, pequeninos SUV japoneses que têm dado água pela barba a muitos dos seus adversários, no segmento e no meio do trânsito.

Sim, o modelo surge aqui em dose dupla, propostas que se à partida parecem iguais, vendo bem a coisa não o são! A começar pela cor aplicada na carroçaria de design KODO (“O que é?” - ver mais à frente), um com o cativante tom Vermelho Soul e o outro com um não menos bonito Azul Crystal. Palete à parte, olhemos para a diferença exterior seguinte: o logótipo na traseira! Ah, ok, o vermelho é um simples CX-3 e o azul um CX-3 AWD, significando duas ou quatro rodas a puxar, cabendo ao cliente escolher para onde o quer levar nas escapadinhas ou que trajectos faz no quotidiano.
Saltemos agora lá para dentro e eis os estofos, ambos em pele. Só que um tem-nos em tons de preto/bordeaux, numa sóbria conjugação com tecido, e o outro num bonito branco & preto (mais os pormenores em bordeaux), com zonas em tecido suede. Outra: a caixa de (6) velocidades, sendo uma manual (MT) e a outra automática (AT), solução que alguns consideram ser “para preguiçosos”. Talvez, mas no trânsito citadino até dá um jeitaço!

(Quase) tudo o resto é igual, do motor turbodiesel 1.5 SKYACTIV, mecânica com muitas soluções tecnológicas de última geração que, no caso do mais pesado AWD AT, o leva a ser um bocadinho mais gastador quando se puxam pelos bem alimentados 105 cavalos, até às bonitas jantes de 18 polegadas, que lhes dão um estilo muito próprio! Também idênticos são os sistemas de ajuda à condução, alertando-nos para tudo: a velocidade a que vamos, a faixa de que nos desviamos, a distância ao carro da frente, a comutação de luzes à noite, ou até o tempo que já estamos ao volante, etc etc etc, mais o sistema de info-entretenimento MZD Connect que agrupa o áudio, a navegação e o emparelhamento com o telemóvel, permitindo-os, ainda, definir o que queremos saber quando ao volante.  
Muito práticos, confortáveis e espaçosos, o único senão assenta na bagageira, em que até cabe muita coisa desde que as ditas peças não sejam muito grandes. Há abaixo uma secção para esconder objectos da vista de quem não interessa e, na sub-cave, novo espaço extra, mais se tiver roda suplente ou bastante menos se o áudio for o fantástico sistema Bose, a que me referi recentemente em peça dedicada (ver SuaEminência, D. Karaoke) equipamento de ambas as unidades que conduzi.


Aulinha de japonês: Jinba Ittai & KODO
Povo tão cioso da sua milenar história, os japoneses expressam, como ninguém, o que lhes vai na alma, recorrendo a caracteres, simbologia e/ou terminologia própria, processo que há muito se estende ao conceito automóvel.
Comecemos pelo termo “Jinba Ittai”, que decorre de um ancestral ritual denominado Yabusame, no qual um arqueiro, montado a cavalo, dispara, ao longo de um percurso com três alvos em madeira, outras tantas setas, controlando o animal com os joelhos, comunicando com ele através dos sentidos. A Mazda simboliza esse mesmo “cavalo e cavaleiro como um todo”, fazendo a ponte entre o automóvel e o condutor – no caso presente entre mim e os CX-3 – alcançando-se um sentimento de união que torna a condução bem mais divertida. É isso que se sente ao volante de qualquer dos novos modelos da marca japonesa, bem como de todas as quatro gerações do roadster MX-5, sendo, aliás, estes últimos os verdadeiros guardiães desta valiosa herança, que fez com que a Mazda passasse de uma marca de imagem residual para uma das mais dinâmicas do mercado.
Agora vamos ao conceito KODO - A Alma do Movimento”, filosofia de design que representa a dinâmica beleza da vida, dando essência e coração a uma matéria inerte como é um automóvel. Reflecte na viatura, interior e exterior, a tal experiência Jinba Ittai, criando uma simbiose entre condutor e o modelo da energia do movimento gerada, apanhando todos os que admiram os novos modelos Mazda, criando uma irresistível vontade de os conduzir.


O preço, a derradeira diferença
Clara que faltava o “E, então, quanto é que isto tudo custa?”, pelo que vamos à última diferença entre estas duas montadas. De acordo com o configurador da marca, o mais em conta Mazda CX-3 1.5 SKYACTIV-D (105 cv) MT 2WD Excellence com os packs HT, Leather e Navi, mais a tal pintura Vermelho Soul, ficará em cerca de € 28.000, não contando com eventuais assessórios que o cliente poderá também querer montar; já o equivalente AWD AT, na cor Azul Crystal com o mesmo nível de equipamento, aqueles mesmos packs, acrescendo os estofos do Pack Leather White, surge com um PVP de € 34.150. Note-se que há a acrescer a ambos valores as despesas de legalização, transporte e preparação.
Imagens: Trendy Wheels/JP e Mazda

Qual é o meu preferido? Apesar das poucas diferentes, opto pelo mais simples Mazda CX-3 2WD, já que permite fazer praticamente tudo o que o outro faz, por menos € 6.000, mas muito em especial pela particularidade da sua caixa manual, curta e que enche a mão, fazer-me sentir na pele o tal Jinba Ittai. Não acredita? Então experimente este e, se quiser ter aquela sensação, logo a seguir um Mazda MX-5. Depois conte-me como foi. Ufff… até arrepia!


Cumprimentos distribuídos irmãmente e até breve!
José Pinheiro
Notas:
1) As opiniões acima expressas são minhas, decorrentes da experiência no sector e de pesquisa de várias fontes;
2) Direitos reservados das entidades respectivas aos ‘links’ e/ou imagens utilizados neste texto, conforme expresso.

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