Moda
e aviação são conceitos complementares, até se recorrendo a conceituados
estilistas para a produção dos modelitos
com que as hospedeiras, comissários de bordo, comandantes e restante tripulação
nos recebem a bordo dos aviões. A TAP
Portugal não é excepção e, ao longo dos tempos, tem vestido os seus
colaboradores com peças adequadas a essas realidades temporais.
Para
a produção do seu mais recente Video de Segurança,
tema a que me referi no texto “72 anos nas nuvens”, a
transportadora nacional retirou dos seus expositores peças que, em tempos, o
seu pessoal de bordo usou, vestindo-as agora num conjunto de actores – seus
actuais empregados – que assumiram o protagonismo no referido filme.
Recuemos
no tempo até ao período de 1946/53,
altura em que a TAP apostou num uniforme de cariz tropical, em algodão e cor
caqui, para combater o calor sentido pelos tripulantes da então “Linha Imperial”, que ligava Lisboa a
Luanda e, depois, à então Lourenço Marques (atual Maputo), com várias escalas
internacionais e night stops pelo
meio. Numa viagem de 15 dias, de ida e volta, podiam acumular-se 25.000 quilómetros
a bordo do Dakota. De autor desconhecido, é envergada no vídeo e na foto de
abertura deste texto pela Assistente de Bordo que está no topo da escada de
acesso ao Dakota e pelo Comissário de Bordo de chapéu. Este uniforme traduzia o
espírito da vida colonial da época, numa clara referência às regiões africanas
onde os aviões da companhia faziam escala.
Com
outras fardas pelo meio, chega-se no vídeo ao período de 1964/69, naquele que seria o 6º uniforme feminino da TAP e o
primeiro da autoria de Sérgio Sampaio, um estilista português. Andavam, então,
pelo ar os primeiros aviões a jato Caravelle, abrindo-se novas linhas numa
altura que o turismo registava um crescimento vertiginoso. Mais cor, num azul tipo
petróleo, e um corte mais feminino, ostentava um original toque nacionalista conferido pelo chapéu
redondo com dois pompons de lado, inspirado no típico chapéu da Nazaré. Na
imagem abaixo é usado pela hospedeira que de braço no ar e sentada à máquina.
Novo
salto no tempo até ao período 1970/79,
ilustrado nas imagens pela Assistente vestida de amarelo e o Comissário de casaco
bordeaux, criações do estilista
francês Louis Féraud, que assinou um conjunto de vestidos muito curtos e
coloridos (encarnado, amarelo e azul-marinho) e ultra modernos, sublinhando o
espírito da época, de libertação de tabus e de inspiração Mary Quant, a
criadora da minissaia. Integralmente confeccionados em Portugal, foram apresentados
publicamente no Hotel Avenida Palace, em Lisboa.
De
1988 a 2005 é também Féraud que
assina as vestes da nova TAP Air
Portugal, criando um uniforme que pretende acompanhar a profunda reformulação
da imagem da companhia. Há uma clara aposta nas cores da bandeira portuguesa (bandas
verdes do blazer e um vermelho vivo), junto com acessórios e pormenores
dourados, aqui para atenuar, de modo elegante, a sobriedade do azul-marinho, a cor
dominante.
Já a farda atual apenas está representada nos 2 comandantes que
fizeram as derradeiras cenas do filme, uma criação de 2006 que se mantém até à data. Manuel Alves e José Gonçalves são os
estilistas nacionais que os assinam, adoptando novas cores, a nova imagem TAP e
o logótipo usado em emblema.
Pelo meio os nossos representantes nos ares do planeta vestiram outras
peças, muitas delas de design da própria tripulação, nomeadamente em termos de actualizações das fardas femininas, ao passo que as vestes masculinas tiveram um menor número de variantes.
Recordo que estes 8 actores de ocasião participaram neste filme de
cariz assumidamente retro da TAP Portugal, filmado pela agência Lobby Productions a bordo de um
Dakota DC-3, avião hoje exposto no Museu do Ar, em Sintra, numa espécie de documentário
histórico que é exibido aos passageiros dos voos maiores da companhia.
Assistente de bordo olímpica
Com
estatuto de símbolo nacional no atletismo e no desporto em geral, tem sido algo
comum ver a atleta Rosa Mota a bordo
de um avião, nas diferentes viagens que a sua apertada agenda tem contemplado
ao longo da sua carreira, mas no passado dia 27 de Março houve uma pequenina diferença na farpela da campeã
olímpica lusa, que trocou o habitual fato de treino pela farda da TAP Portugal.
Celebrou-se,
então, o primeiro aniversário da Ponte Aérea da TAP e, em dois voos da nova TAP Express (substituta da PGA
Portugalia Airlines) desse dia, foi a atleta quem deu as boas-vindas aos passageiros
da nova ligação entre o Porto e Lisboa, dia em que também se atingiu a marca de
750.000 clientes transportados entre as duas cidades. “Vestir a farda da TAP é o que eu faço há muitos anos, mesmo sem farda,
porque a TAP sempre fez parte da minha vida. Poder participar hoje no primeiro
aniversário da Ponte Aérea foi um grande prazer. Estão todos de parabéns pois
só se consegue ter este sucesso quando se tem uma grande equipa e a TAP tem”,
referiu.
Montra
privilegiada na divulgação do melhor de Portugal, esta Ponte Aérea recorre a produtos
portugueses, embarcando-se por mês e nestes seus voos nada menos do que 39.000 pastéis
de nata, 800 garrafas de vinho nacional e 34.000 gelados “Quinta dos Açores”! Fazem-se,
em média, 16 voos diários, um a cada hora, do Porto para Lisboa das 05h30
às 21h30 e, em sentido inverso, das 07h00 às 23h15. Nas horas de ponta
voa-se em Airbus A320 ou Embraer 190, mas a maioria das ligações fazem-se
nos ATR 72.
Acrescente-se
que no âmbito da divulgação regional e assumindo o papel de embaixadora de
Portugal no mundo, a empresa anunciou, aquando da celebração do seu 72º
aniversário, o baptismo integral da frota da TAP Express com o nome de todas as
capitais de distrito e regiões autónomas de Portugal. Esta iniciativa inédita
entre as demais companhias aéreas mundiais assume o tag #AbraçarPortugal.
Imagens: TAP Portugal e Lobby Productions |
A
título de informação, a TAP nasceu a 14 de Março de 1945, inaugurando, no ano
seguinte, a sua primeira rota, entre Lisboa e Madrid. Voa hoje para 84 destinos
na Europa, América e África. Apesar de todo o seu desequilibrado passado
financeiro e das várias tentativas para lhe denegrir a imagem, mais a apertada
concorrência que se renova continuamente, a TAP Portugal parece demonstrar estar de pedra e
cal no sector. É um exemplo da alma lusitana!
Cumprimentos
distribuídos irmãmente e até breve!
José Pinheiro
Notas:
1) As opiniões acima expressas são minhas,
decorrentes da experiência no sector e de pesquisa de várias fontes;
2) Direitos reservados das entidades
respectivas aos ‘links’ e/ou imagens utilizados neste texto, conforme expresso.
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