Shackleton
é um nome indissociável da exploração da longínqua Antártida, sendo Sir Ernest
Henry um dos maiores expoentes da exploração polar sul, segundo a máxima de que
“a exploração está na nossa natureza,
procurar alcançar o desconhecido, sendo que a única e verdadeira falha seria
não o fazer de todo”. Liderou três expedições britânicas àquele continente
– Discovery (1901-03), Nimrod (1907-09) e Transantartica Imperial (1914-17) – tendo como objectivo maior atravessá-lo
de mar a mar, passando pelo Polo Sul, algo que, mercê de várias vicissitudes,
associadas à dureza desse local único no nosso planeta, nunca
conseguiu na totalidade.
E
eis que, 100 anos depois, o seu bisneto Patrick Bergel associou-se à Hyundai e cumpriu
essa mesma ligação, dedicando-lhe o feito. Foi em Dezembro do ano passado, em
comemoração do centenário da heróica expedição do seu bisavô que, apesar do
desaire, lhe valeu então o título de Sir (Cavaleiro do Reino), que esta operação se fez, recorrendo a um modelo Santa Fe, devidamente
adaptado para conseguir atravessar 5.800 km sobre gelo em condições difíceis,
sob temperaturas negativas de 28ºC e por caminhos nunca antes percorridos por
um veículo com rodas.
“Cresci a aprender
todo o legado Shackleton, mas nunca na minha vida pensei que iria, eu próprio,
explorar a Antártida,” referiu Patrick Bergel, numa aventura “que me permitiu viver algumas experiências por
que o meu bisavô passou, ir ao seu encontro, por assim dizer. Cem anos depois
dessa tentativa falhada, eu, seu descendente, fui bem sucedido onde ele não o conseguiu,
embora o quisesse muito fazer. Foi, por isso, uma experiência muito especial.”
Preparado
por Gisli Jónsson, um dos mais experientes exploradores da Antártida, da Artic Trucks que assumiu, também, o papel de líder
da expedição, o Hyundai Santa Fe conduzido pelo bisneto de Sir Ernest Henry
Shackleton montava pneus gigantes de baixa pressão, para permitir que o carro
andasse por cima da neve. Com cerca de um décimo da pressão normal de um pneu, “tão macio que era possível passar por cima
da mão de alguém sem a magoar,” referiu.
Quanto
à dureza local, acrescentou que "qualquer
pessoa com bastante experiência na Antártida sabe o que esta faz às máquinas.
Basicamente, tudo se desintegra. Até as maiores máquinas racham e partem. Esta
foi a primeira vez que a travessia integral foi alguma vez tentada, muito menos
com ida e volta. Muita gente pensou que nunca seríamos capazes, mas quando
regressamos não queriam acreditar que tínhamos de facto conseguido!"
Caso
tenha curiosidade sobre muito mais do que aconteceu nesta expedição, que se prolongou
por um mês, depois de um ano de preparativos, clique aqui.
Imagens: Hyundai |
Cumprimentos distribuídos irmãmente e até breve!
José Pinheiro
Notas:
1) As opiniões acima expressas são minhas,
decorrentes da experiência no sector e de pesquisa de várias fontes;
2) Direitos reservados das entidades
respectivas aos ‘links’ e/ou imagens utilizados neste texto, conforme expresso.
Sem comentários:
Enviar um comentário