Quantas
vezes não ouviu já as expressões “vou só
ali já venho” ou “é só um minutinho”?
Estas ou outras quaisquer, quando, por alguma razão, tentou sair de um
estacionamento, aceder à sua garagem ou estacionar num local que até lhe está
reservado, mas onde está lá um qualquer estorva
que, para facilitar a própria vida, decidiu complicar a dos restantes mortais?
Tal torna-se ainda mais preocupante com os abusos que influem directamente com
pessoas, condutores ou peões, que por qualquer vicissitude da vida têm o seu modo
de vida e de deslocação condicionado.
São
inúmeros os exemplos nas nossas cidades, desde veículos parados ou estacionados
em cima de passadeiras e passeios, em acessos de garagem e até em locais
reservados a pessoas com algum grau de deficiência, por vezes perto de escolas
e de centros de saúde e hospitais. Não é o banga-banga,
mas estamos lá quase, tal o número de exemplos que todos os dias nos deparamos
nas nossas deslocações!
Há
dias tropecei num artigo - que tem mesmo de ler - de uma Mãe, de seu nome Ana Rebelo,
que inconformada com uma situação recente que viveu com a sua filha Maria, dá uma autêntica chapada de luva
branca a uma indivídua que em pleno Século XXI ainda acha que o mundo é só dela! Leia esta peça, sob o título “Estimada mãe que nos maltratou esta manhã, por estacionarmos no lugar para deficientes”.
Elucidativo
não é? O estado a que chegámos, de total desrespeito pelo próximo, ao ponto de apenas
olharmos para o nosso umbigo, achando-o mais importante do que o do vizinho,
levando as nossas vidas normais sem olhar para o lado e vermos que há muito
mais para além desse nosso ego! São inúmeros os exemplos de mobilidade
condicionada por quem já originalmente a tem no seu dia-a-dia, tendo que lidar
com um sem número de obstáculos que lhes barram ou limitam o caminho.
Recordo a campanha “Bati no seu carro” que há
cerca de um ano a Associação Salvador levou a cabo em Lisboa, através da qual se pretendeu sensibilizar a população
para a questão do estacionamento abusivo.
O sucesso desta espécie de apanhados foi imenso, o filme tornou-se viral com milhares de
partilhas nas mais diversas plataformas e redes sociais, até merecendo
cobertura na Comunicação Social, mesmo fora de Portugal, para além de lhes
valerem reconhecimentos vários, nomeadamente com um Grand Prix dos “Prémios
Lusos”, galardões em que se distingue a criatividade lusófona.
Aliás, já em 2013 esta mesma associação levara
a cabo outra acção cívica de protesto – sob o título de “Ocupe o seu lugar” –
realizada a meias com o Grupo Lisboa (In)acessível.
Ocuparam todos os lugares de estacionamento que então existiam na Praça do
Duque de Saldanha (Lisboa) com 50 cadeiras de rodas, tendo estas os mais
variados dizeres, do estafado “volto já”,
aos “só vou ali buscar uma coisa” ou “vou só beber um café rápido”, afinal as
habituais justificações de quem, sem qualquer tipo de limitação física, complica
a vida das pessoas com deficiência, estacionando o seu veículo em lugares que
não lhes pertencem!
Impressionante, de facto, este constante alerta às
populações, mas o que mudou efectivamente na consciência das pessoas? Pelo
exemplo dado pela mãe da Maria parece que infelizmente pouco, muito pouco...
É…
o texto de hoje é algo pesado pelo que para descontrair um bocadinho convido-@ a ver uma
situação levada ao exagero, num conjunto de apanhados do programa de TV “Just For Laughs Gags”, que retrata um
grupo de seniores a atravessar uma passadeira, provocando o caos no trânsito,
levando muitos condutores ao desespero.
Difícil,
não é? Ver a nossa pacata vida condicionada por terceiros é obra! Agora imagine
uma troca de papéis, vivendo-se, por momentos, a vida de alguém que tem uma
deficiência motora, de alguém com um crescendo da degradação das suas capacidades
e da qualidade de vida, etc! Ah pois é bebé!
Cumprimentos
distribuídos irmãmente e até breve!
José Pinheiro
Notas:
1) As opiniões acima expressas são minhas,
decorrentes da experiência no sector e de pesquisa de várias fontes;
2) Direitos reservados das entidades
respectivas aos ‘links’ e/ou imagens utilizados neste texto, conforme expresso.
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