Era
uma vez… é assim que começam as histórias, todas as histórias, como a da
convidada de hoje do Trendy Wheels. Chama-se Elisabete Jacinto e é uma guerreira
que, cavalgando num monstro do deserto,
ganhou o seu estatuto e mesmo aclamação entre os seus pares – maioritariamente
do sexo masculino – na actividade que abraçou e que ama como poucas mulheres no
mundo actual: a de piloto de corridas de camiões!
Piloto
profissional, vive e respira os ares dos desertos, quase chamando de casa ao Norte de África. Atravessou-o várias
vezes de moto antes do virar do século, altura em que decidiu duplicar o número
de rodas e passar a fazê-lo de camião. Define-se como “empenhada, concentrada e ambiciosa”, e move-a “a vontade de atingir o topo na carreira desportiva. É o sonho de
qualquer desportista, ganhar!”, referiu nesta
entrevista.
Assente
num já vasto currículo desportivo, com múltiplos resultados e títulos obtidos nas
grandes provas de todo-o-terreno internacional, foi a partir do ano 2000 e aos
36 anos que decidiu apontar mais alto, mantendo sempre o deserto como palco de
excelência. A ascensão ao patamar dos pesos-pesados
das areias fez-se num pulo, passando a partir daí a conduzir camiões de
grande envergadura e potência (Mercedes-Benz, Renault e, a partir de 2006, os MAN), com os quais juntou múltiplos troféus
à sua já vasta vitrina de prémios.
“A competição em camião ou
em moto são realidades diferentes. As necessidades são diferentes assim como o
ambiente e até a atitude com que encaramos uma prova. O único elemento comum
acaba por ser o terreno por onde se passa,” explicou. “O primeiro ano em que participei de camião
tive muitas dificuldades mas depois aprendi e adaptei-me. O camião não é, ao
contrário do que muita gente pensa, um carro grande. Tem aspectos muito
específicos e tem de se aprender a estar com ele em competição. É um veículo
extremamente difícil, grande e pesado, pelo que temos de ser perfeitos na
condução, caso contrário as consequências podem ser imprevisíveis.”
Organizada e apostando num bom plano de trabalho, é responsável por funções que vão para além da condução, “tarefas que permitem que a equipa funcione da melhor forma possível.” Hoje, aos 52 anos, mantém um ritmo quase frenético, dividindo-se por inúmeras acções de promoção e de condução, nomeadamente com dias a fio e deserto a dentro, ao volante do seu MAN TGS de quase 10 toneladas e com mais de 800 cavalos de potência. Este teve, até aqui, tons de azul-bebé (as cores da marca Oleoban), num companheiro de aventuras que a elevou a um estatuto nunca antes assumido por nenhuma mulher portuguesa, em provas tão diferentes como as bajas de Aragon (Espanha), Tunísia, Marrocos e, muito em especial, na exigente Eco Africa Race.
Organizada e apostando num bom plano de trabalho, é responsável por funções que vão para além da condução, “tarefas que permitem que a equipa funcione da melhor forma possível.” Hoje, aos 52 anos, mantém um ritmo quase frenético, dividindo-se por inúmeras acções de promoção e de condução, nomeadamente com dias a fio e deserto a dentro, ao volante do seu MAN TGS de quase 10 toneladas e com mais de 800 cavalos de potência. Este teve, até aqui, tons de azul-bebé (as cores da marca Oleoban), num companheiro de aventuras que a elevou a um estatuto nunca antes assumido por nenhuma mulher portuguesa, em provas tão diferentes como as bajas de Aragon (Espanha), Tunísia, Marrocos e, muito em especial, na exigente Eco Africa Race.
“Há um grande entusiasmo e prazer na condução. É um desafio constante. O tempo passa depressa quando vou pelo deserto fora. Depois há o cansaço que é o nosso grande companheiro. As etapas são sempre muito longas e o camião não pára de sacudir. Finalmente temos o desafio da competição, a vontade de ir sempre mais rápido e de conduzir cada vez melhor e de não perder tempo em sítio nenhum. Tudo isto é uma mistura explosiva”, explica.
Um mundo para além dos camiões
Licenciada em Geografia, com uma pós-graduação em ensino (sem o praticar), Elisabete Jacinto é, também, co-autora de manuais escolares, sendo convidada para encontros em escolas, universidades e empresas, ali abordando temas relacionados com o desporto, empreendedorismo, trabalho de equipa e gestão de risco. Conta ainda com diversas distinções, a mais importante das quais a de “Oficial da Ordem do Mérito”, atribuída em 1999 pelo então Presidente da República, Jorge Sampaio.
Também já publicou livros de aventuras relacionadas com esta sua actividade de piloto profissional, destacando-se os dois volumes da banda desenhada “Os Portugas no Dakar”, onde retratou as experiências das suas primeiras participações em motos no antigo Rali Paris/Dakar, nos tempos em que este este ligava as capitais francesa e senegalesa. O texto é seu e os desenhos de Luis Pinto Coelho, num conjunto humorístico de raro efeito. Em 2010 publicou o seu primeiro livro de aventuras, relato das suas histórias sob o título de “Irina no Master Rali”, e dois anos depois, um álbum comemorativo intitulado “100 Imagens - Elisabete Jacinto - 10 anos em Camião”, ilustrando a sua carreira desportiva neste tipo de veículos, com imagens recolhidas in loco pelo fotógrafo Jorge Cunha, responsável pela agência AIFA, incluindo as que ilustram este texto.
À pergunta “Gostaria de repetir a experiência?”, Elisabete Jacinto responde com um taxativo “sim, gostava muito de o fazer. Tenho imensas histórias para contar. O problema está que não o consigo fazer sozinha pois não tenho a mínima vocação para desenhar. De qualquer forma, tenho em agenda contar as nossas histórias caricatas enquanto equipa Oleoban mas apenas sob a forma de texto. O problema está em que o tempo nunca é suficiente”.
Quanto ao futuro
imediato há outras novidades para contar, mas terá de esperar pela 2ª parte
desta entrevista, a publicar em vésperas da sua próxima aventura, o Africa Eco Race, maratona que, na primeira quinzena de Janeiro, a levará
de novo até ao Norte de África!
Cumprimentos
distribuídos irmãmente e até breve!
José
Pinheiro
Notas:
1) As opiniões acima expressas são minhas,
decorrentes da experiência no sector e de pesquisa de várias fontes;
2) Direitos reservados das entidades
respectivas aos ‘links’ e/ou imagens utilizados neste texto, conforme expresso.
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