É
irlandesa, tem uns invejáveis 79 anos e está aí para as curvas… e para as
rectas também! Foi, em tempos, piloto de ralis no seu país, derrotando muito
homem quando se tratava de acelerar pelas estradas que compunham as diferentes provas. Arrumadas que estão as luvas
e o capacete, numa altura da sua vida que as prioridades são outras, nunca
deixou de sonhar com as corridas e com a possibilidade de conduzir… um Fórmula
1!
Acreditando
sempre que os (bons) sonhos são para se tornarem realidade, Rosemary Smith viu satisfeita essa sua
pretensão, tendo-lhe sido proporcionado um teste com um monolugar da Renault, a
sua marca do coração, logótipo francês que completa este ano o seu 40º
aniversário de envolvimento na modalidade.
No
alto da sua experiência de vida e do bichinho
da competição que sempre lhe correu no sangue, esta jovem abraçou o teste como o faz em tudo na sua vida, entrando de
corpo e alma no exigente circuito francês de Paul Ricard, para um conjunto de
voltas memorável. Conduzindo magistralmente o Fórmula 1 da Renault, aumentou o
ritmo e a confiança a cada volta, deixando de boca aberta os responsáveis da
marca, naquela que considerou ser “uma
das melhores experiências da minha vida” e “uma sensação incrível”, mesmo não negando estar “nervosa ou mesmo aterrada” quando
entrou para o apertado habitáculo de uma máquina de competição que escondia, debaixo do seu pé direito,
nada menos do que 800 cavalos de potência!
Fórmula 1: Mulher
(quase) não entra!
Enquanto
em outros desportos os sexos equivalem-se em número de praticantes, já representantes femininas na Fórmula
1 são coisa muitíssimo rara, contando-se pelos dedos de uma mão as que
atingiram aquele que é tido como o patamar por excelência do automobilismo, um Campeonato
do Mundo que tem 67 anos!
Imagens: The Telegraph/Rex Features (esq.) e Tatiana Calderón (dta.) |
A
aristocrata italiana Maria Teresa de Filippis foi a primeira senhora em pista
nesta divisão, correndo 5 dos Grandes Prémios dos longínquos anos de 1958 e
1959, havendo depois por esperar mais 15 temporadas para que a sua compatriota Lella
Lombardi fizesse a sua estreia, em 1974. Fez 17 aparições em três anos e até
conquistou meio ponto com um 6º lugar num caótico GP de Espanha de 1975, em Montjuïc,
marcado por diversas controvérsias de segurança e a morte de alguns
espectadores.
Seguiu-se
a britânica Divina Galica, que esteve em apenas 3 grelhas de partida dos GP de
1976 e 1978, seguida pela sul-africana Desiré Wilson, que em 1980 fez um único GP.
Seria outra italiana de seu nome Giovanna Amati, a fechar a contagem em 1992,
com 3 aparições.
À
excepção de outras mulheres que estiveram envolvidas em testes de Fórmula 1, da
aparição de Susie Wolff numa das sessões de treinos do GP de Inglaterra de 2014
ou da recente contratação da promissora colombiana Tatiana Calderón para piloto
de testes da Sauber F1 Team, não mais se havia visto uma mulher aos comandos de um carro
desses… Até agora, com Rosemay Smith a tornar-se, aos 79 anos, na mulher mais
rápida do planeta e na pessoa mais idosa do mundo a conduzir um Formula 1.
No
final, com um indisfarçável orgulho pela oportunidade que lhe foi dada pela Renault Sport Formula 1 Team, comentou:
“Posso sentar-me apenas num carro e não
fazer nada, mas quando estou com um volante nas mãos, posso ir até ao infinito”!
Alguns
sonhos são, de facto, algo de muito alcançável! E idade??? O que é isso quando o espírito nunca envelhece?
Cumprimentos
distribuídos irmãmente e até breve!
José Pinheiro
Notas:
1) As opiniões acima expressas são minhas,
decorrentes da experiência no sector e de pesquisa de várias fontes;
2) Direitos reservados das entidades respectivas
aos ‘links’ e/ou imagens utilizados neste texto, conforme expresso.
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