Actividade
imprescindível para o salvamento de inúmeras vidas, o transporte de órgãos é
assegurado, no nosso país, por forças militares, como a Força Aérea Portuguesa, e paramilitares, como a Guarda Nacional Republicana, complementadas,
em situações de recurso, por alguns veículos de emergência médica e de
entidades privadas especializadas na matéria.
GNR: Uma volta ao
mundo por ano
Sabia
que a GNR tem à sua responsabilidade,
desde 1994, a missão de transporte de órgãos, em todo o território nacional? E
que, nos últimos anos tem percorrido, em solo luso e em média, o equivalente a uma volta ao
mundo - o perímetro aproximado da Terra é de cerca de 40.000 km - com esses transportes? De acordo com informação oficial, desde 2010 e até
ao final do ano passado, a GNR já havia realizado 1.690 transportes, envolvendo
mais de 3.000 militares, tendo percorrido mais de 270.000 quilómetros!
Aparentemente
simples, o processo obriga a uma série de requisitos inerentes ao correcto
transporte e acondicionamento dos órgãos, vitais para o salvamento de vidas,
algumas delas já em processo de operação nas mesas dos blocos dos diversos
hospitais. No âmbito destas missões, a GNR é contactada pela Unidade de Saúde
que detém o órgão a ser transportado, despoletando de imediato uma patrulha que
se desloca até lá, transportando o órgão nas exigidas condições térmicas até ao
seu destino, ou seja, até ao bloco operatório da unidade hospitalar
requisitante. A qualidade e segurança da transplantação de órgãos depende do tempo
necessário para o seu transporte, competindo assim à GNR, e em respeito das
condições de segurança, chegar ao destino no menor tempo possível, contribuindo
deste modo para o salvamento de mais uma vida.
FAP: Elefantes e
Linces nos céus de Portugal
Processo
semelhante, mas utilizando o espaço aéreo, faz a FAP, normalmente destacando, para o efeito, duas das suas
Esquadras, a 502 – Elefantes, que
recorre a uma aeronave EADS C-295M, e a 504 - Linces que usa um Marcel-Dassault Falcon F-50,
avião de menores dimensões e, por isso, mais ágil. Além da prontidão máxima dos
meios aéreos e respetivas tripulações, voltou a ser crucial a rápida e ágil coordenação
entre esta força e as diferentes entidades competentes.
Entre 2014 e 2016 foram 90 as missões conjuntas destas duas esquadras, representando mais
de uma centena de horas de voo, somando-se às 17 missões deste tipo realizadas até final do
primeiro semestre deste ano, aqui representando cerca de 45 horas de voo, destinando-se depois os órgãos aos hospitais do Continente e de ambos os Arquipélagos dos Açores e
Madeira. Acrescente-se que embora maioritariamente originários de unidade saúde
nacionais, por vezes algumas das missões extravasam fronteiras, como a que em
Abril do ano passado obrigou a uma deslocação a Tenerife, nas Ilhas Canárias,
para a recolha de vários órgãos.
Doadores
por defeito
Mais uma: sabia
que, assim que nascemos, todos somos potenciais dadores de órgãos e de tecidos, caso venhamos a morrer num hospital?
Isto porque a lei portuguesa assenta no conceito de doação presumida, sendo que
apenas os cidadãos nacionais residentes em Portugal e que se encontrem inscritos
no “RENNDA - Registo Nacional de Não Dadores” se podem recusar a doar os seus órgãos
e tecidos. Quer dizer, depois de morto é algo indiferente, já
que terá de ser a família directa a interceder por si, mas pronto, fica aqui a informação.
Imagens: FAP (1 e 3), GNR (2) e IPST (4) |
Não
pretendendo entrar em colisão com a posição de cada um sobre este tema
sensível, lembro que ninguém está livre de um contratempo de saúde e, assim
como alguém pode precisar do seu rim, fígado, coração, pulmão, pâncreas, córnea
e/ou medula, o oposto também pode ser verdade, num processo com dois sentidos. De acordo com fontes oficiais, são milhares os que
precisam de um transplante, para sobreviver ou melhorar a sua qualidade de vida, e
as listas de espera nos hospitais continuam a aumentar, sem que se verifique o correspondente número de dadores,
que o fazem declaradamente.
Não é que seja o tema mais agradável para quando se está de férias, mas quando tiver um bocadinho pense nisto! Afinal, um dia, essa inevitabilidade acontece, pelo que quando tiver que deixar de ler estes Trendy Wheels, até pode vir a salvar uma vida... ou duas... ou...!
José Pinheiro
Notas:
1) As opiniões acima expressas são minhas,
decorrentes da experiência no sector e de pesquisa de várias fontes;
2) Direitos reservados das entidades
respectivas aos ‘links’ e/ou imagens utilizados neste texto, conforme expresso.
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