É
inegável o paralelismo entre os walking
deads (vulgo zombies) e o comum
dos mortais enquanto peões absorvedores de informação e tecnologias
associadas. Nesta era de concentração em smartphones
e afins, consultando as redes sociais ou a ver vídeos, ou mesmo de
auscultadores postos, curtindo os últimos hits
do momento, torna-se cada vez mais preocupante o facto de as pessoas usarem,
cada vez mais aqueles dispositivos, mesmo quando atravessam ruas movimentadas.
Um
recente inquérito*, feito a 10.000 pessoas de dez países europeus, concluiu que
são os jovens entre os 18 e os 24 anos (86%) os mais propensos a utilizar as
diferentes funcionalidades permitidas pelos diversos dispositivos, enquanto peões
que andam nos passeios e – mais preocupante – que atravessam as diferentes ruas
e avenidas, alheios ao trânsito que os envolve.
Nada
que surpreenda pois são os mais jovens quem mais vivem absortos nas novas
tecnologias. Cerca de 57% destes jovens entrevistados admitiram utilizar os
seus dispositivos enquanto peões, até o fazendo fora das zonas ideais
(passadeiras); quase metade (47%) afirma falar ao telefone nesta situação.
Enquanto
zombies das estradas, o tal grupo dos
18 aos 24 anos fala ao telefone (68%), ouve música (62%), envia mensagens (34%),
por vezes sofrendo um acidente ou estando perto disso (22%). Considerando o
total de inquiridos, 32% admitiu ouvir música, 14% enviou mensagens, 9% navegava
na internet, 7% usou as redes sociais e 3% jogou um qualquer jogo ou via vídeos
ou televisão.
No
mesmo inquérito, a maioria admitiu que este comportamento é perigoso! Vá lá…
haja algum bom senso no meio disto tudo, embora depois na prática seja o que se vê no quotidiano.
Os exemplos europeus
Em
face do acima e de outros estudos semelhantes, o município holandês de Bodegraven-Reeuwijk
lançou um projecto-piloto de instalação de faixas de LED no limite dos passeios,
junto às passadeira que os dividem, quais semáforos para quem vai com os olhos
postos no chão.
Integradas
no sistema +Lichtlijn da HIG Traffic Systems e sincronizadas
com os respectivos semáforos, os LED são visíveis a quem anda na sua e se esquece de olhar para a estrada. Só que não há um
consenso sobre a sua (real) validade. Por um lado já mereceu o aplauso de quem
considera a medida adequada a uma inevitável, crescente e irreversível
tendência, contribuindo positivamente para a diminuição do número de sinistros
com peões, por outro mereceu a desaprovação de entidades oficiais de tráfego que
consideram que a medida vai incentivar, ainda mais, a utilização dos aparelhos
e aplicações associadas.
É
caso para se dizer que nunca se agrada a todos, mas numa era em que andamos
cada vez mais alheados do que nos rodeia, preferindo viver numa realidade virtual, cada um tire as suas conclusões!
Imagens: Ford (1), HIG Traffic Systems (2 e 3), Município de Bodegraven (4 e 5) |
Cumprimentos
distribuídos irmãmente e até breve!
José Pinheiro
* Inquérito da Ford Europa conduzido entre
02/09/2015 e 13/09/2015. Amostra: 10.022 adultos utilizadores de smartphones ou
dispositivos móveis, na Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Espanha, França, Holanda,
Itália, Reino Unido, Roménia e Turquia.
Notas:
1) As opiniões acima expressas são minhas,
decorrentes da experiência no sector e de pesquisa de várias fontes;
2) Direitos reservados das entidades
respectivas aos ‘links’ e/ou imagens utilizados neste texto, conforme expresso.
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